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Helena Albuquerque: “A APPACDM de Coimbra tem uma dinâmica muito forte, sempre.”

No espaço de comentário à atualidade do Observatório de 4 de Dezembro, Helena Albuquerque, presidente da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) de Coimbra, veio falar sobre o trabalho desenvolvido pela associação que preside mas também acerca dos desafios que os portadores de deficiência ainda têm a ultrapassar para a se integrarem na sociedade.

No Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, a RUC recebeu a presidente da APPACDM de Coimbra que, com largos anos de experiência a lidar com pessoas com deficiências intelectuais e a observar a realidade em que se inserem, veio abordar o significado que este dia tem para os portadores de deficiência (motora ou intelectual). Helena Albuquerque falou também sobre como evoluiu a maneira de encarar estes cidadãos por parte da sociedade, referiu os projetos que a APPACDM desenvolve em Coimbra e nas autarquias vizinhas e terminou o seu comentário por apontar que a nossa nação tem ainda um caminho longo a percorrer para dar o apoio necessário aos cidadãos portadores de deficiência.

“A APPACDM de Coimbra, neste momento, ajuda mais de 1000 pessoas com deficiência intelectual”

Num dia em que se celebra a diferença, decidimos trazer a estúdio uma das pessoas que lidera a luta em fazer a diferença na vida de mais de um milhar de cidadãos portadores de deficiência intelectual na zona de Coimbra. Helena Albuquerque referiu que a APPACDM oferece apoio “de uma forma abrangente”, começando logo nos cuidados pré natalidade (acompanhando os pais durante o processo de gravidez), oferece serviços de creche e jardim de infância, acompanha todo o percurso escolar obrigatório sendo que, depois deste percurso, a associação oferece ainda formação profissional e centros de atividades ocupacionais (para problemas cognitivos mais profundos). Uma vez integrados num contexto laboral, a APPACDM continua a fazer um acompanhamento ativo e, para os cidadãos que acabam por não conseguir seguir este rumo e cuja família não consegue oferecer o suporte necessário, existem ainda os lares residenciais.

“Fazendo uma revisão histórica dos últimos anos ligados a esta problemática, a deficiência intelectual é aquela que é mais difícil de integrar e mais difícil de incluir”

Foi assim que Helena Albuquerque lançou uma luz sobre o facto de que os problemas cognitivos se afiguram como uma “deficiência invisível”, e, com esta condição, acabam por ter especificidades que tornam a luta pelos direitos dos seus portadores uma batalha ainda mais complicada do que aquela que os portadores de deficiência sensorial ou motora têm que enfrentar. A presidente da APPACDM explica o porquê desta sua posição.

“Eu acho que se podia fazer mais (…) não tem sido fácil a comunicação com a autarquia de Coimbra”

Quando questionada acerca da preparação da cidade de Coimbra para albergar cidadãos com problemas motores ou cognitivos, bem como das respostas que oferece aos cidadãos portadores de deficiência que nela residem, Helena Albuquerque sublinha que, embora exista trabalho a ser desenvolvido em colaboração com a autarquia e não obstante o protocolo celebrado a nível do tratamento de espaços verdes e de recolha de lixo, não deixa de apelar ao facto de que podia haver mais sensibilidade em relação ao apoio de associações como a APPACDM. Num momento de mudança política na autarquia, Helena Albuquerque revela esperança em que a situação melhore.

“Eu acho que (Portugal) é um país, e digo-o com uma certa tristeza, que ainda tem muito a percorrer”

Foi assim que Helena Albuquerque transmitiu que, no panorama nacional, ainda há um longo caminho a percorrer na luta pela atribuição de plenas condições para que as pessoas com deficiência intelectual possam integrar na sociedade. A presidente da APPACDM, que lida com pessoas com problemas cognitivos, alertou que, embora Portugal tenha nos últimos tempos desenvolvido várias ações no sentido de apoiar os deficientes motores e sensoriais, a deficiência intelectual ainda se afigura, e aqui utilizo uma expressão popular da nossa língua portuguesa, como o “parente pobre” desta família.

Já no término do seu comentário, Helena Albuquerque não deixou de apontar a razão do sentimento de tristeza que nutre por esta falta de apoio que ainda toca os cidadãos portadores de deficiência intelectual.

Para ouvir o comentário da presidente da APPACDM de Coimbra na íntegra, pode escutar o podcast disponibilizado no topo deste artigo.

Foto de © Fernando Fontes / Global Imagens.

 

 

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