AUTOR: Isabel Simões

DATA: 03.09.2021

DURAÇÃO: ...

O ministro da Defesa disse ontem esperar que a recente experiência no Afeganistão leve a União Europeia (UE) a adotar uma estratégia mais ambiciosa, considerando fundamental reforçar “muito significativamente” a capacidade de comando e controlo.

Em declarações à Agência Lusa à chegada a uma reunião informal de ministros da Defesa, na localidade eslovena de Kranj, João Gomes Cravinho considerou a “reunião muito relevante neste momento que estamos a viver”,

Sobre a proposta concreta de criação de uma força de intervenção rápida da União Europeia, de cerca de 5.000 militares, capaz de atuar em situações como aquela vivida no aeroporto de Cabul, João Gomes Cravinho comentou que “a questão é mais complicada do que isso”. O ministro da defesa defendeu que a discussão não deve girar tanto em torno de uma proposta concreta, pois há várias vias de alcançar aquilo que considera essencial: o reforço das capacidades de Defesa da União.

Qualquer que seja a via, João Cravinho admitiu ser difícil encontrar unanimidade entre os 27 em matérias delicadas como esta, uma vez que nem todos os estados membros estão de acordo pelo que o assunto “vai ter de ser colocada em cima da mesa”.

Outro ponto na agenda da reunião informal de ontem dos ministros da Defesa, que foi seguida de um encontro informal dos ministros dos Negócios Estrangeiros, foi o Sahel, tendo João Gomes Cravinho dito à Lusa que este “tema forte” deve ser discutido também à luz do sucedido no Afeganistão.

À chegada à reunião de ministros da Defesa, o Alto Representante da União Europeia para a Política Externa e de Segurança, Josep Borrell, disse também esperar que a experiência do Afeganistão funcione como um “catalisador”.

Embora espere muito empenho dos 27 em resultados concretos, Borrell advertiu que os mesmos não surgirão nesta reunião, até porque a mesma é informal, pelo que não podem ser adotadas decisões, mas manifestou-se esperançado de que até novembro, “o mais tardar”, esteja concluído o projeto final da Bússola Estratégica, com vista à sua adoção em 2022, durante a presidência Francesa da União

«A Bússula Estratégica deve descrever o que a UE precisa de fazer – à luz das ameaças e desafios – nas áreas da gestão de crises e da resiliência “para reforçar a sua capacidade de agir” de forma autónoma “quando e onde necessário”, desejavelmente em parceria», lê-se na Revista da Marinha.

Um contingente de 11 militares portugueses, dos três ramos das Forças Armadas, partiu esta manhã de sexta-feira para o Kosovo. Vão selecionar e recolocar refugiados afegãos, numa operação da NATO com duração prevista de cerca de dois meses.

De acordo com nota das Forças Armadas, enviada à Agência Lusa, o destacamento de Cooperação Civil-Militar (CIMIC) vai integrar a ‘task force’ da NATO, durante uma operação de até 90 dias.

Além de colaborarem com a NATO, os militares portugueses vão estabelecer contacto com organizações não-governamentais (ONG’s) e organizações internacionais no campo Bechtel, por forma a identificar as necessidades e ajudar os refugiados afegãos.

Fotografia: União Europeia