AUTOR: Isabel Simões

DATA: 22.11.2023

DURAÇÃO: ...

O livro “Santa-Bárbara Capista de Zeca”, de Abel Soares da Rosa, apresentado na última sexta-feira, em Lisboa, realça a obra “pioneira” do artista plástico José Santa-Bárbara e a sua cumplicidade com José Afonso (1929-1987). Abel Soares Rosa conta à Agência Lusa como o Zeca conheceu o Santa-Bárbara.

Entre Santa-Bárbara e José Afonso, além da afinidade artística havia também uma cumplicidade política. José Santa-Bárbara não era um desconhecido da polícia política do regime de ditadura que vigorou em Portugal até 1974. Em 1959, os estudantes das três academias da época – Lisboa, Porto e Coimbra – enviaram uma carta ao então presidente do Conselho de Ministros, Oliveira Salazar, “o ditador”, pedindo a sua demissão.

Entre os 402 signatários, como João Tito de Morais, Fernando Assis Pacheco, Jorge Campinos e Isabel do Carmo, estava também José Santa-Bárbara.

São muitas as histórias do Zeca. Esta passou-se com o artista plástico. Abel Soares Rosa divulgou uma dessas histórias em que um candeeiro serviu de instrumento musical.

No contexto da época, os discos LP tinham um formato de maior dimensão (31X31cm), e quando expostos nas montras, eram imediatamente vistos, antecipando o seu conteúdo. Da amizade nasceram capas de discos muito diferentes do habitual no nosso país.  O investigador lembra as capas notáveis dos Beatles que de certo modo Santa-Bárbara acompanhou.

Apesar de vigiado pela PIDE e, o curioso, é que sendo Santa-Bárbara um homem solidário e comprometido na luta contra a ditadura e pela liberdade de expressão, por sorte, nunca foi apanhado pela polícia política”, afirmou Soares da Rosa. O autor revela duas músicas que têm arranjo gráfico de Santa-Bárbara e que marcaram a revolução de 1974,  “Grândola, Vila Morena” pelo Zeca e “E Depois do Adeus” pelo Paulo de Carvalho.

O livro, foi apresentado na sexta-feira, na Biblioteca-Espaço Cultural Europa, em Campo de Ourique. Na apresentação participou o músico João Afonso, sobrinho de José Afonso.

Com Agência Lusa

Fotografia: Instituto Politécnico de Leiria