AUTOR: Isabel Simões

DATA: 08.01.2022

DURAÇÃO: ...

O Teatrão iniciou no dia 2 de dezembro a programação paralela “da Família”, a nova peça da companhia baseada no texto com o mesmo nome de Valério Romão. Na primeira sessão do Ciclo de Conversas que acompanha o espetáculo, a companhia sediada na Oficina Municipal do Teatro recebeu o psiquiatra, José Gameiro e a investigadora do Centro de Estudos Sociais, Andreia Barbas.

A conversa foi moderada pela investigadora do CES – Centro de Estudos Sociais, Sílvia Portugal e procurou abordar a família contemporânea, a sua configuração, os seus desafios, as suas relações.

Como afirmou Sílvia Portugal, “os contos de Valério Romão são perturbadores”. Vamos então conhecer um pouco do trabalho de investigação de Andreia Barbas, contado por ela própria. “As relações de família constroem-se no tempo e no espaço e há muitas formas de fazer e de mostrar a família”, na opinião de Andreia Barbas.

Irmãos e meios-irmãos são termos que são usados mas as relações constroem-se no tempo e no espaço. Não é o ADN que define a relação entre irmãos. Alguém do público considerou que a responsabilidade das relações numa situação de divórcio é dos pais. A investigadora esclarece os termos e o que pensa de responsabilidade.

José Gameiro baseou-se na experiência clínica para tecer algumas considerações sobre as novas famílias. Para o psiquiatra “cada vez é mais difícil a conjugalidade sem amor”. Para além disso, a crítica sistemática entre elementos do casal, mesmo pelas coisas pequenas, acaba com a relação, esclareceu. A aceitação das novas famílias coloca dificuldades, e a exigência das empresas em relação aos jovens estraga a vida adulta, lamentou o terapeuta familiar. Ao consultório chegam-lhe casais que têm um ou dois divórcios, quase sempre com filhos e em que na continuação do primeiro casamento a confusão se pode instalar rapidamente.

Dentro das novas famílias, após um divórcio, as relações são diversas. O papel dos pais é fundamental e as festas tradicionais são elementos importantes para manter a ligação entre familiares, na opinião de Andreia Barbas. E há experiências curiosas nos países do norte da Europa, revela a investigadora. O diálogo, a comunicação e a forma como são acolhidos os novos elementos numa segunda ou terceira família determina muitas vezes a saúde dessas relações.

Dados publicados pelo Eurostat que se referem a 2019 mostram-nos que o número de casamentos na União Europeia está a diminuir, e o número de divórcios está a aumentar. No entanto, essas duas tendências parecem ter desacelerado nos últimos anos. Observou-se também um aumento na proporção de filhos nascidos de casais não casados ​​e uma diminuição dos filhos nascidos dentro do casamento.

De acordo com o Gabinete de Estatísticas da União Europeia (UE) desde 1964, a taxa de casamento na UE diminuiu de 8,0 por 1 000 pessoas em 1964 para 4,3 em 2019.  Ao mesmo tempo, a taxa de divórcio mais do que duplicou. Passou de 0,8 por 1 000 pessoas em 1964 para 1,8 em 2019. Portugal teve a segunda taxa de casamento mais baixa. Em 2019 existiram 3,2 casamentos por 1.000 habitantes no nosso país.

Ainda assim as pessoas precisam de uma família para sobreviver.


As GOP – Grandes Opções do Plano e Orçamento da Câmara Municipal de Coimbra têm apresentação marcada para dia 17 de janeiro em reunião extraordinária.

Antes o presidente da Câmara Municipal de Coimbra, José Manuel Silva promoveu a discussão das linhas estratégicas e a recolha de opiniões dos deputados municipais na última Assembleia Municipal de 2021, realizada em 28 de dezembro.

A novidade foi acolhida de diferentes formas. Os partidos que constituem a coligação partidária que governa a Câmara de Coimbra aplaudiram. O movimento Cidadãos por Coimbra deu contributos. O Partido Socialista teceu críticas ao que considerou ser a falta de medidas concretas. Já a CDU remeteu as considerações para a apresentação real das GOP e Orçamento.

Na Assembleia Municipal de 28 de dezembro houve lugar à apresentação técnica de um possível orçamento por parte de Pedro Malta, diretor Municipal do Departamento Financeiro da Câmara de Coimbra. Pedro Malta começou por lembrar que com a pandemia vivemos momentos de incerteza que podem levar a aumento de taxas de juros de empréstimos e a inflação pode voltar a estar presente. De acordo com o diretor municipal as questões que se colocam ao orçamento do Município de Coimbra, de certa forma, são comuns a todos os municípios portugueses. O último ano foi ano de transferência na área da educação, em perspectiva estão a transferência de competências na área da saúde.

“Os recursos são escassos mas as necessidades são ilimitadas”, afirmou o Pedro Malta. No programa ouvimos as primeiras considerações do técnico camarário e tentámos perceber de onde vem uma parte da receita do Município de Coimbra.

Guardamos para o próximo Há Vida(s) Nesta Cidade o resto das considerações sobre a receita, as considerações sobre a despesa do Município de Coimbra e as opiniões das forças políticas.


Um agradecimento especial à equipa técnica do Teatrão que nos cedeu a gravação da primeira conversa “da Família”.
A técnica do programa de hoje esteve por conta de Tiago Gama.
Pode voltar a ouvir o programa de hoje na próxima quarta-feira, quando forem nove da manhã e todos os outros em www.ruc.pt


Músicas

  • Samba da Utopia de Jonathan Silva
  • Obras para piano de António Fragoso
  • Jorge Palma – do CD “Só” – Bairro do Amor, Terra dos Sonhos e Estrela do Mar

Fotografia: Teatrão