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22.01.2024POR Inês Santos

“Zanni Mort’i Fame/ Uma tragédia Dell’Arte” estreia no Grémio Operário de Coimbra

Inserida nas comemorações dos 50 anos do 25 de abril, a peça “Zanni Mort’i Fame/ Uma tragédia Dell’Arte” tem estreia marcada no dia 27 de janeiro abrindo as portas a Alexandre Oliveira e Mariana Banaco a atuar no Grémio Operário de Coimbra.

Pela primeira vez no Grémio Operário, Alexandre Oliveira e Mariana Banaco, em conjunto com dois músicos, apresentam a peça teatral “Zanni Mort’i Fame/ Uma tragédia Dell’Arte”.

Para nos falar sobre esta encenação, a RUC esteve à conversa com Alexandre Oliveira diretor e ator da peça e Mariana Banaco atriz e assistente de direção da mesma.

A atriz começa por salientar como “Zanni Mort’i Fame” se insere na linha da Commedia dell’Arte um fenómeno teatral que aconteceu em Itália no século XVI, adicionando a isso as características que definem esta persona, Zanni, que se insere no arquétipo mais baixo da hierarquia de classes.

Em cena estão quatro corpos. É visto, a olho nu, dois atores e dois músicos, afirma Alexandre Oliveira. No que diz respeito à música, esta é o fio condutor para a interpretação corporal e vocal dos atores em cena. A cargo deste trabalho musical e também dos respetivos andamentos melódicos estão Jorge Graça e Paulo Banaco.

Na fala aliada à música, o dialeto denominado de grammelot é um veículo de fuga à censura, por um lado, neste caso em especifico, constituído por palavras em italiano e por outro, constituído por palavras inventadas, que nunca poderiam vir a ser censuradas.

Assim, começamos a viajar rumo ao ensaio aberto e respetiva peça, estes inseridos nas comemorações do quinquagésimo aniversário do 25 de abril.

Zanni é um retrato cru daquilo que é a estratificação social e a luta de classes de um corpo que suplica comicamente por alimento, chegando a tentar comer-se a si mesmo e ao público, enaltece o diretor.

No que toca às expetativas da estreia, que tem lugar no dia 27 de janeiro, Mariana Banaco salienta a importância de transmitir felicidade ao auditório através do corpo, diálogo dos atores e das sonoridades compostas pelos músicos.

Commedia dell’Arte, um jogo de máscaras que dá primazia ao corpo da atriz e do ator no espaço teatral. A máscara escolhe o ator/atriz, coisa essa que aconteceu com a atriz Mariana, refere o diretor.

Para Alexandre o teatro é uma forma de estar na vida e um meio artístico para tentar transmitir alguma coisa. Não se fixa em encontrar respostas, mas sim, em fazer questões acerca daquilo que nos rodeia, afirma. O diretor e ator encontra-se numa fase mais avançada da prática teatral e é professor desta mesma prática artística.

Mariana, esta que está na fase inicial da prática teatral, acredita que fazer teatro é um ato de resiliência que precisa de nascer através de um sítio empático onde a forma de contar histórias é o principal vetor para querer melhorar alguma coisa.

Para além dos quatro artistas em cena, também outros se encontram atrás da cortina a trabalhar nesta criação. Com Nuno Pino Custódio na construção das máscaras e consultoria, com João Ferreira no design gráfico e vídeo, com Gabriella Oliveira na ilustração e Carlos Gomes na fotografia.

Assim, a peça “Zanni Mort’i Fame/ Uma tragédia Dell’Arte”, dirigida por Alexandre Oliveira e com o apoio logístico do Grémio Operário, tem estreia marcada para o próximo dia 27 de janeiro às 21h30. A sessão seguinte dá-se no dia 28 de janeiro com duas sessões, a primeira às 16h e a segunda às 21h. E no dia 3 de fevereiro Zanni volta ao Grémio Operário pelas 16h.

Para o dia da estreia e para a primeira sessão do dia 28, o espaço encontra-se com lotação esgotada. Mas para assistir a peça nas restantes datas é necessária reserva antecipada, a partir do e-mail [email protected]. O custo do bilhete é de 5 euros.

Fotografias de Carlos Gomes

 

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