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Público redescobre Camões: A Mulher na Lírica em Banda Desenhada e na Exposição “Camões 500”
No encontro que uniu literatura, pedagogia e arte visual, a investigadora Alexandra Lourenço Dias, professora no King’s College de Londres, partilhou a sua paixão pela lírica de Camões. Na BGUC, a investigadora contou como a obra “Sete Mulheres, Sete Musas” pretende aproximar o poeta português dos seus alunos.
A conversa decorreu na última quarta-feira, dia 4 de junho, no âmbito da exposição dos 500 anos do nascimento de Camões, presente na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra (BGUC).
Alexandra recorda que o seu interesse pela lírica camoniana surgiu ainda no ensino secundário. Inspirada por professores e fascinada pela estrutura quase matemática da poesia, uma descoberta que, sendo disléxica, trouxe-lhe especial surpresa e encanto.
Da sala de aula à universidade: uma abordagem inovadora
Mais tarde, na Universidade Nova de Lisboa, a influência da poetisa e professora Ana Hatherly reforçou o caminho. A metodologia de leitura de Os Lusíadas, centrada num canto por aula, foi decisiva, sendo aí que percebeu ser possível abordar Camões “de forma diferente”.
Camões em banda desenhada
O projeto mais recente de Alexandra — uma adaptação da lírica de Camões em banda desenhada — nasce precisamente da vontade de aproximar o poeta de leitores jovens. Trabalhou com ilustradores e com o argumentista para banda desenhada, Pedro Moura, para criar uma obra acessível, pensada para os seus alunos, embora estes ainda não tenham tido acesso, dado que o livro foi recentemente lançado em Portugal.
A escolha dos poemas focou-se em sete figuras femininas, não num registo romântico, mas na representação plural das mulheres que inspiraram o poeta. À coordenadora da obra interessou “mostrar a mulher tal como ela é”.
O futuro da trilogia: das Sete Mulheres às Três Marias
O segundo volume desta trilogia já está em preparação e será dedicado às Três Marias — Maria Teresa Horta, Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa — figuras incontornáveis do feminismo e da literatura portuguesa. Um terceiro volume, ainda em fase embrionária, abordará nove mulheres da literatura, embora os nomes ainda não tenham sido revelados.
Camões e a sua receção internacional
Apesar de Camões ser muitas vezes mal recebido pelos estudantes portugueses — fruto, talvez, de uma abordagem escolar excessivamente rígida —, Alexandra relembra a sua relevância internacional. O King’s College tem uma longa tradição de estudos portugueses e até uma cátedra dedicada ao poeta.
O interesse estrangeiro pela realidade portuguesa é real, sobretudo nas vertentes da colonização e da literatura de expressão portuguesa em contexto pós-colonial, disse a entrevistada.
A exposição sobre Camões conquistou o público escolar
Filipa Araújo, curadora responsável com Paulo da Silva Pereira pela organização da exposição sobre Camões presente na BGUC sublinhou o impacto do evento. Para além dos turistas, o grande público-alvo foram os grupos escolares.
“Tivemos 65 grupos, desde o primeiro ciclo ao ensino superior. A surpresa foi ver o entusiasmo das crianças pelos livros, pela biblioteca, pelas histórias”, revelou. a curadora à RUC.
A exposição, que articula elementos biográficos com a vivência amorosa e poética de Camões serviu de ponto de partida para uma nova leitura do poeta. “Há um fascínio pelos livros, pela história, pela imagem. Isso dá-nos esperança”, enalteceu Filipa Araújo.
Na última quarta-feira, Manuel Ferro, docente da Universidade de Coimbra, sublinhou a importância da divulgação da obra de Camões através da banda desenhada, destacando especialmente a adaptação de Os Lusíadas. A exposição “Camões 500” vai estar patente na Sala de São Pedro da BGUC até 25 de julho.
Num dos sábados de junho o programa Há Vida(s) Nesta Cidade! vai trazer-lhe momentos da sessão de apresentação de “Sete Mulheres, Sete Musas”, livro de banda desenhada coordenado por Alexandra Lourenço Dias e editado pela’ “A Seita”.
Fotografia: BGUC
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