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“O Grande Incêndio” encenado por Ánxeles Cuña Bóveda estreia na Escola da Noite

Ánxeles Cuña Bóveda partilhou os bastidores da mais recente criação teatral, baseada num texto do dramaturgo alemão, Roland Schimmelpfennig. A peça, é levada a cena pel’ A Escola da Noite, durante três semanas a partir de 29 de maio até 15 de junho.

O convite para a criação foi abraçado com entusiasmo já que a encenadora vinha de trabalhar outra peça do escritor alemão, o Dragão, na companhia galega Sarabela Teatro de que é diretora artística.

Segundo a diretora artística da companhia galega, o texto de Schimmelpfennig tem uma forte componente narrativa, mas também muita teatralidade, o que o torna exigente, desafiador e profundamente necessário, pois aborda temas atuais com uma linguagem poética e incomum.

São cinco os atores portugueses d’ A Escola da Noite que trabalharam durante três meses para colocar em cena a dramaturgia de O Grande Incêndio”: Ana Teresa Santos, Igor Lebreaud, Maria Quintelas, Miguel Magalhães e Ricardo Kalash.

A encenadora viu no trabalho com o elenco uma oportunidade de explorar a oralidade” do texto numa peça que pode ser interpretada por uma ou várias vozes” e pôr à prova um grupo que descreve como versátil, sólido e emocionalmente ágil”.

A construção do campo sonoro da peça foi confiada a um compositor que, além de ser colaborador habitual, é ele próprio um refugiado. A música acompanha as várias estações — primavera, outono, inverno — e dá voz às atmosferas emocionais da peça.

Através da música temos presente o amor, a catástrofe climática, o sonho, a fome  e até uma segunda primavera” e um incêndio simbólico. A música não é tratada não como adorno, mas como força narrativa.

O trabalho usa vídeo, som, dança, máscaras e marionetas. A peça é descrita como quase cinematográfica, tanto pela linguagem visual como pelo ritmo. O fim é ambíguo e aberto, como o destino de tantos migrantes no Mediterrâneo. Essa incerteza, segundo a encenadora, é essencial para provocar o público e refletir o mundo contemporâneo em que os ricos são cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres.

Schimmelpfennig, com 58 anos, é o dramaturgo alemão vivo mais representado no mundo e como nos contou Ánxeles, o autor conhece profundamente os mecanismos do teatro, mas oferece total liberdade à equipa criativa.

A peça foi traduzida por António Sousa Ribeiro,. Para a encenadora a tradução foi crucial para captar o espírito da obra e torná-la acessível ao público português. Apesar de não dominar o alemão, Ánxeles conhece o autor pessoalmente e ficou fascinada com a fidelidade e sensibilidade do trabalho do tradutor.

O Grande Incêndio” materializa uma das duas coproduções previstas para o biénio 2025-2026 da companhia Galega com A Escola da Noite.

Fotografias: d’ A Escola da Noite

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