
Fantasmas evocam Crise Académica de 1969 com exposição
Foi inaugurada na República dos Fantasmas, em Coimbra, uma exposição dedicada à Crise Académica de 1969. A mostra reúne fotografias que contam a história da luta estudantil, desde a cidade cercada pela polícia, passando pela solidariedade de alguns professores até à final da Taça de Portugal no Jamor.
A mostra destaca ideais como a democratização do ensino e a participação dos estudantes no governo da universidade. Uma luta feita de ação, cultura e convívio.
Antes da inauguração, houve um debate sobre o papel das Repúblicas de estudantes na crise de 1969. Participaram Jorge Castilho, da Associação dos Antigos Estudantes da Universidade de Coimbra, Rodrigo Bartolomeu, do Núcleo de Estudantes da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, e Hugo Faustino, da República dos Fantasmas.
As Repúblicas eram, em 1969, espaços de liberdade num país marcado pela censura. O Conselho de Repúblicas teve um papel decisivo durante a crise e é hoje lembrado como símbolo de união e resistência. Hugo Faustino recorda o apoio dado pelo Conselho de Repúblicas à direção da Associação Académica de então.
Jorge Castilho, da Associação dos Antigos Estudantes, esclarece que é um erro reduzir a coragem de 1969 a uma só figura, como Alberto Martins. Para o então jovem jornalista, o momento do “Peço a Palavra” na inauguração do Edifício das Matemáticas, foi importante — sim —, mas foi apoiado pela maior parte dos colegas estudantes que faziam parte da Universidade de Coimbra.
Rodrigo Bartolomeu, lamenta que haja hoje na comunidade estudantil menos interesse pela História da Academia de Coimbra. Adianta que as Repúblicas foram, tal como hoje, espaços seguros de discussão, onde aconteceram vários CR e outras reuniões informais determinantes para o que aconteceu na Crise Académica de 1969.
O estudante realça a importância da Assembleia Magna que decretou o Luto Académico e a influência do CR na decisão.
O debate evocou também o impacto do 17 de abril na democratização do país, o papel do jornal “Badalo” na divulgação da luta, a presença das mulheres e até a mobilização gerada pela praxe para a luta académica.
Na República dos Fantasmas, existe hoje uma sala com o nome “17 de Abril”, em homenagem aos estudantes que participaram na crise.
A exposição decorre de 5 de maio até 9 de maio, com visitas guiadas pelos estudantes do primeiro ano, Úrsula Ventura e José Luz. Pode ouvir a visita da inauguração no ‘podcast’ do início do artigo.
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