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Navio da Anozero’24, Bienal de Coimbra aportou na cidade

“O Fantasma da Liberdade”, lema da Bienal de Coimbra, ocupa espaços como a sede do CAPC, onde pontuam palavras de Maria Velho da Costa e sussurros de Robert Fillou. No Pátio das Escolas acontece o “diálogo entre margens” com a instalação do angolano Yonamine. De Santa-Clara-a-Nova chegam chamamentos de um navio para nos convidar a viver a Arte.

Curadores, autoridades, artistas, estudantes de arte e outro público aportaram à sede do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC), pelas 10h00 da manhã, de sábado, dia 6 de abril. Ali, “A história da Arte Sussurrada” de Robert Filliou, ouve-se por entre palavras escritas por Maria Velho da Costa, “uma história de arte sentimental”, segundo a curadora da Anozero’24, Bienal de Coimbra, Marta Mestre. Deixa o convite a olhar cada sala “como se fosse uma palavra”.

Uma hora depois, em outro porto, o Pátio das Escolas, Carlos Antunes, diretor da 5.ª Anozero conta-nos o essencial sobre a instalação de Yonamine, artista angolano que vive na Grécia e que se prepara para viajar até ao Paraguai com a família. Uma instalação em que pontuam bandeiras com símbolos náuticos implantados em sacos de café formando o que pode ser “uma trincheira” mas também “um anfiteatro”.

Ao mesmo tempo, Yonamine lembra-nos tempos de guerra passados presentes e futuros num apelo à paz num espaço que já foi “palácio islâmico” e onde nasceram alguns reis da primeira dinastia. “Arapis” estabelece uma relação com o Mondego mas também com a complexidade do mundo atual.

Na Sala da Cidade, lugar onde Pedro Cabrita Reis, em 2015, na primeira Anozero, apelou a que os conimbricenses lutassem pela continuidade da sua Bienal de Arte Contemporânea, Carlos Antunes, na inauguração oficial, invocou Sofia de Mello Breyner e José Cardoso Pires para nos falar de Liberdade. “Esta é a manhã porque tanto esperamos”, disse.

Teresa Lanceta, artista catalã, com os seus panos tecidos, dá nobreza a uma arte popular feita de trapos, algodão e cor. Pendões de tapeçaria e trapos interligados descem do teto da Sala da Cidade. Uma homenagem a um sindicato anarquista operário, revelou. A palavra da artista à RUC para explicar a razão da sua arte.

Coimbra-B, de onde partiram 49 estudantes rumo à guerra colonial durante a crise estudantil de 1969, acolheu uma multidão para gravar “cantar de emigração”, música de Adriano Correia de Oliveira com texto da poeta galega, Rosalía de Castro. Vai repetir todos os dias à mesma hora, 16h50, para lembrar os colegas estudantes que partiram e os que se foram despedir cantando a canção interpretada por Adriano.

No final do dia, a Bienal ofereceu jantar a quem foi visitar as diferentes exposições no mosteiro de Santa-Clara-a-Nova. O presidente da Câmara Municipal de Coimbra, José Manuel Silva, reafirmou o compromisso de continuar a Anozero, mesmo que o Mosteiro de Santa-Clara-a-Nova fique indisponível. O autarca já tem autorização para poder ocupar o Antigo Hospital Pediátrico.

O Salão Brazil encerrou o primeiro dia da festa no Mosteiro de Santa-Clara-a-Nova com um concerto de Scúru Fitchádu e a “loucura balani” de Dj Diaki. No final do concerto de Scúru Fitchádu ouviu-se a palavra de ordem “25 de Abril sempre, Fascismo nunca mais!”

Dizer-lhe ainda que as exposições estão patentes em oito locais da cidade. Jardim Botânico da Universidade de Coimbra, Colégio das Artes e CAPC Sereia também são  lugares da Bienal. Ângel Calvo Ulloa e Marta Mestre são os curadores da festa da Arte Contemporânea patente até dia 30 de junho em Coimbra.

No ‘podcast’ do início do artigo pode ouvir a entrevista da Inês Sampaio sobre a Anozero’24, Bienal de Coimbra a Carlos Antunes.

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