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Estação Intermodal de Coimbra será iniciada no final de 2025. Busquets promete Coimbra mais verde usufruindo do rio

Com a Proposta Preliminar do arquiteto catalão para o Plano de Pormenor da Estação Intermodal de Coimbra, é toda uma zona da cidade que renasce até à ponte de Santa Clara, Rua da Sofia incluída.

No entendimento da Infraestruturas de Portugal (IP), da Câmara Municipal de Coimbra e de Joan Busquets, com a Alta Velocidade Coimbra também ganha centralidade relativamente à região, ao país e à Galiza.

A IP na pessoa de Daniel Ferreira, diretor de Departamento de Estações da empresa pública, revelou a 15 de março, no Salão Nobre da Câmara Municipal, por altura da apresentação pública do Plano de Pormenor da Estação Intermodal de Coimbra, que a primeira pedra da nova Estação de Coimbra será lançada no final de 2025, início de 2026.

A previsão vem do facto de a IP esperar lançar o concurso do troço de Alta Velocidade Oiã – Soure, onde está incluída a Estação de Coimbra, em julho de 2024. Já as obras na nova estação têm no cronograma como marco final o ano de 2030.

Ana Bastos, vereadora responsável pelo Planeamento Territorial e Gestão Urbanística, confirmou à comunicação social a importância do Plano de Pormenor estar aprovado até final de 2024 pela Assembleia Municipal para que no final de 2025 se avance para a obra de construção da nova Estação de Coimbra.

O que trouxe de novo o plano de Joan Busquets apresentado em 15 de março?

Ana Bastos explicou à comunicação social o que mudou entre janeiro do ano passado na proposta de Joan Busquets. Já sabíamos que um hub de transportes vai nascer ao lado da nova estação de comboio e que a nova estação de camionagem, MetroBus e formas de mobilidade suave vão estar interligadas.

A responsável não escondeu as preocupações com o estacionamento automóvel ter de ser feito em cave, o que implica cuidados acrescidos devido à alteração da quota de cheia pela Agência Portuguesa do Ambiente.

Joan Busquets desenhou continuidade de cidade entre os diversos quarteirões da zona ribeirinha. A Estação de Coimbra vai passar a ser a porta de entrada de Coimbra, em vez das vias de circulação automóvel, disse. Para o arquiteto é possível imaginar a extensão da Baixa da cidade até à nova estação de comboio.

A articulação dos transportes urbanos com o Sistema de Mobilidade do Mondego prevê que quem chegue à nova Estação de Coimbra demore seis minutos até à Praça 8 de Maio e 15 minutos até ao Centro Hospitalar Universitário de Coimbra utilizando o MetroBus.

Joan Busquets esclareceu também que não vê o automóvel como “inimigo”, mas entende ter de ser assegurada compatibilidade com outros meios de mobilidade. A proposta mantém a duplicação da Rua do Padrão, onde peões e bicicletas terão zonas de circulação.

Ana Bastos justifica as opções pela mobilidade suave.

A proposta preliminar vai ser aberta à discussão pública. A vereadora responsável pela urbanização reforça a necessidade de o Plano de Pormenor estar aprovado pelos órgãos locais até final de 2024.

Caberá à IP a construção do hub de transportes junto à nova Estação de Coimbra, esclarece Ana Bastos, o financiamento será do Estado Central e há candidatura a financiamento europeu.

A Rua da Sofia não ficou de fora da proposta com Joan Busquets ao propor a requalificação da rua que já foi a mais larga da Europa em que os antigos colégios podem vir a ter outras funções. Ana Bastos voltou a reafirmar que a rua será, no futuro, para o transporte público e para as pessoas.

Solução para o IC2 não tem sido consensual

Embora seja ainda e só uma possibilidade, a Câmara de Coimbra defende que a travessia do Rio Mondego pelo IC2 implica a construção de uma nova ponte rodoviária no canal da atual ponte ferroviária que atravessa o Choupal. A Alta Velocidade e a duplicação do canal da Linha do Norte entre Taveiro e Coimbra-B vai implicar que a atual ponte ferroviária sobre o Choupal seja desativada e construída uma nova ponte ao lado.

A solução de uma nova ponte, no canal da ponte a ser desativada, para resolver a problemática do IC2, não tem sido consensual. A vereadora da Câmara de Coimbra defende a bondade da proposta e revela que o estudo de tráfego (ainda não divulgado publicamente) menciona que a solução vai permitir diminuir em 40 por cento o tráfego rodoviário.

IP promete serviço de Alta Velocidade competitivo

Carlos Fernandes, vice-presidente da IP, deu uma perspetiva do cronograma da Alta Velocidade em que a Estação de Coimbra está incluída no troço Oiã-Soure, ou seja, no concurso a ser lançado em julho de 2024.

Levará tempo para que a distância Porto-Lisboa em Alta Velocidade passe a ser de 1h 15m, o troço do Carregado até Lisboa será o último a ser construído. Primeiro, Coimbra ficará mais perto do Aeroporto Sá Carneiro.

Em termos de oferta há a promessa de que nas estações intermédias parem nove serviços de Alta Velocidade por sentido, mas a tão criticada bitola ibérica vai permitir serviços a outras cidades do país, adianta Carlos Fernandes.

A expectativa é que a procura aumente em cerca de 10 milhões de passageiros.

Quanto ao preço do bilhete em Alta Velocidade para quem viaje em primeira classe, há uma simulação que prevê que possa ficar entre 25 e 26 euros, um pouco mais de metade do preço atual em alfa pendular, esclarece Carlos Fernandes.

Discussão Pública – foram colocadas mais de duas dezenas de questões

Ana Bastos conduziu o período de discussão pública no dia 15 de março. Voltou a reforçar que haverá novo momento de discussão após consolidação da proposta de Joan Busquets.

Da plateia vieram afirmações e perguntas de que os temas seguintes são apenas exemplos:

“As propostas do Joan Busquets são estudos de viabilidade não são soluções arquitectónicas”; “a IP não constrói cidade”; “qual a estimativa do viaduto do IC2?”; “como vai ser o acesso ao metro dos autocarros que vêm do norte?”; “o grande boulevard para circulação pedonal será a zona ribeirinha”; “há zonas pouco densas no plano”; “como vai ser feita a cobertura da nova estação?”; “o que está previsto nos acessos ao Monte Formoso e quanto a painéis anti-ruído?”; “Como quer a Câmara moderar os custos de habitação?”; “Rua do Padrão deveria ter um espaço de densificação urbana”; “porque não considerar uma ponte ferroviária e rodoviária?”, “Como é garantido o conforto nos cais dos passageiros?”; “qual a integração com a rede de ciclovias?”.

Algumas respostas para as dúvidas colocadas

Ana Bastos aproveitou para esclarecer que há plano para minimizar as cheias e que a quota de cheia ainda não está definida mas que tem vindo a aumentar. O modelo está a ser ajustado pela APA, mas  tudo indica que a entrada para as caves terá de ser acima da quota de cheia. Quanto aos arruamentos serão feitos em aterro, também acima da mesma quota.

Da parte da IP veio o esclarecimento que o plano urbanístico para a zona perto da Estação Nova (Coimbra A) não está fechado e que só em julho será lançada a segunda parceria público-privada. Será então que haverá lugar a soluções mais urbanistas.

Joan Busquets esclareceu que a forma de cobertura da nova estação não está definida mas imagina que a estação em ponte tenha muita luz uma vez que pretende uma obra de qualidade.

O plano prevê um acesso pedonal a Monte Formoso e quanto ao ruído a solução terá mais a ver com a solução do IC2, na opinião de Ana Bastos.

Quanto à solução de considerar uma única ponte ferroviária e rodoviária em simultâneo, como a Ponte 25 de Abril em Lisboa, a vereadora considera que  o impacto visual  seria muito afectado e que há quem defenda ser preferível haver duas pontes (uma rodoviária e outra ferroviária), em vez de uma só.

Quanto ao conforto dos passageiros, a IP prevê plataformas de 400 metros na Alta Velocidade mas não impõe coberturas aos concessionários. As preocupações de qualidade da solução de Alta Velocidade e do planeado para os terrenos a libertar pela empresa pública,  mereceram de Daniel Ferreira o esclarecimento sobre o o modelo definido para Alta Velocidade. Será em parceria público-privada porque o investimento é “colossal” e a empresa não tem recursos próprios para investir nestes projetos. Quanto à qualidade asseverou estar salvaguardada pelos critérios da concessão.

A Ordem dos Arquitetos ofereceu-se para ajudar no controlo da qualidade do projeto. Uma maqueta laboratório com a proposta de Joan Busquets estará exposta na Câmara Municipal para a população ter conhecimento da proposta.

O programa Há Vida(s) Nesta Cidade da RUC contou este sábado, dia 23,  um pouco do que se passou na apresentação do Plano Preliminar da Estação Intermodal de Coimbra que decorreu na sexta-feira, dia 15 de março.  Pode ouvi-lo no ‘podcast do início do artigo.

Fotografias: Câmara Municipal de Coimbra

 

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