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14.12.2023POR Diogo Barbosa

Banana Bong Fest 2023

No dia 28 de Outubro o Centro para os Assuntos da Arte e Arquitectura (CAAA), em Guimarães, recebeu a primeira edição do Banana Bong Fest. A RUC acompanhou os primeiros passos desta nova festa, mais uma a marcar no calendário.

O Centro para os Assuntos da Arte e Arquitectura (CAAA), associação que cruza disciplinas nas mais variadas artes, foi o local escolhido para a primeira edição do primeiro Banana Bong Fest. A organização esteve a cargo de Giliano Boucinha, a quem a RUC agradece a disponibilidade e o bom acolhimento. Tendo chegado bastante cedo, a maior dificuldade para a equipa da RUC foi encontrar um local para dormir, devido à elevada procura na cidade de Guimarães nesse fim de semana, ainda que um temporal se abatesse sobre a localidade.

Resolvidas as questões logísticas relativamente ao alojamento, lá fomos iniciar a nossa viagem pelo Banana Bong Fest, tendo ido assistir a alguns dos testes de som. Estes prometiam uma boa noite. Tendo já nos cruzado com vários dos artistas que pisaram o palco na tenebrosa noite de 28 de Outubro, a comunicação com as bandas foi bastante fácil e fomos estando à conversa durante a tarde. Aos poucos, as pessoas foram chegando, amigos da organização e das bandas, trabalhadores do evento. Como é comum nos movimentos culturais de nicho as caras que se encontram vão sendo familiares, e isso é, por norma, sinónimo de um bom convívio.

Uma das coisas que não surpreende quem acompanha o movimento do rock e metal alternativo em Portugal é que o público é bastante fiel e desloca-se para ver os concertos, nem que seja pela décima vez. A contagem não é se já se viu a banda ou bandas, mas sim quantas vezes. Talvez o facto de Guimarães ser próxima do Porto justifique o movimento de um número significativo de pessoas da maior cidade do Norte a este evento. E não será de descurar que a origem de Madmess e Krypto, projetos do Porto, tenha contribuído para esta viagem em prol da música. Ainda para mais com a oferta cultural que a cidade do Douro tem para oferecer diariamente.

A viagem começou com os Stones of Babylon, que andam a presentear o público com Ishtar Gate, trabalho lançado em 2022, que agora se apresentam com Alexandre Mendes na guitarra, substituindo Rui Belchior. Branco e Medeiros são os elementos que se mantêm desde a origem do projeto, com Branco a servir de cicerone. Tal como o próprio nome da banda indica, o seu concerto foi uma viagem à mitologia babilónica, contudo, firmes como uma rocha, o seu som apresenta-se lento e pesado, como se de um único tema se tratasse, salvo os momentos em que Branco despertava o público, mergulhado na sua hipnose, para anunciar as faixas que iam ser tocadas. Foi com este tom psicadélico pesado que se abriram as portas deste primeiro Banana Bong Fest.

De seguida vieram os Madmess, que depois de uma passagem por Londres e do álbum Rebirth, regressaram a Portugal, onde já gravaram o seu próximo disco, que será uma das novidades a acompanhar em 2024. Com Sampaio e Vasco desde o início do projeto, este novo trabalho conta já com a presença de Pedro na bateria, o mais recente elemento da banda. Já com alguma estrada em cima e o trabalho de estúdio feito nos últimos tempos, o concerto foi sólido. O psicadelismo é latente nesta banda e isso viu-se na forma como as cabeças do público se movimentavam, com o corpo quase estático ao som dos ritmos de Vasco e Pedro e dos dedos viajantes de Sampaio na guitarra. Um dos aspectos bastante positivos do Banana Bong Fest foi a presença exclusiva de projetos portugueses. Uma ode ao movimento alternativo do rock que se faz por este país e com bastante qualidade, de todas as bandas que pisaram palco, diga-se.
A RUC esteve à conversa com os Madmess.

https://www.ruc.pt/podcast/coberturas-ruc/entrevista-com-madmess-banana-bong-fest-2023

A terminar esta festa, onde se esqueceu o vendaval que assolava a cidade de Guimarães, salvo os momentos em que debaixo de um toldo colocado pela organização, o público se reunia para fumar e conversar, estiveram os Krypto. Aqui a toada foi diferente. Em conversa com Gon, vocalista do projeto, que conta com Chaka na bateria e Martelo no baixo, ficamos a saber que preparam novo trabalho, do qual tivemos seis músicas novas a serem tocadas neste concerto. Pela própria característica da banda que apresenta uma sonoridade mais rápida e bruta, pelos vocais expansivos de Gon e a corrida constante que Chaka e Martelo realizam na bateria e no baixo, que juntos são os Greengo noutro projeto. Foi o encerrar em apoteose. Se, por um lado, Stones of Babylon e Madmess nos levaram a uma viagem quase espiritual, Krypto atirou o público ao chão com a sua agressividade.

Esperamos que o Banana Bong Fest regresse para o ano e la estaremos para o acompanhar.

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