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MCV e Cria’ctividade discutem duas faces da integração dos novos alunos

Por um lado a Veterana Catarina Cota defende a tradição académica e acredita que não deveria mudar. Na outra face da moeda Benny Correia afirma que a maior forma de tradição coimbrã é a mudança, em particular, de mentalidades.

Na primeira noite de recinto da Festa das Latas 2023, foram entrevistados individualmente Benny Correia, membro do coletivo Cria’tividade, e Catarina Cota, membro do Conselho dos Veteranos (MCV), para darem uma opinião sobre a tradição académica conimbricense.
Catarina Cota, aluna do quinto ano do curso de História da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC), informa que o papel do MCV fundamenta-se na tutela da tradição académica da Universidade de Coimbra (UC) e, como membro do organismo, afirma estar comprometida em defender o que se perpetuou ao longo dos séculos. Considera-se entusiasta da “Praxe com P grande“, que define como um espaço que vai acontecendo durante o percurso académico, e refere ser a melhor forma de se sentir integrado na Associação Académica de Coimbra (AAC).
Segundo Catarina, a tradição não deveria ser alterada. No entanto, ela aponta algumas mudanças ocorridas ao longo do percurso tradicional, como a realização dos batismos fora de eventos académicos, como a Festa das Latas ou a Queima das Fitas. Na opinião do Conselho de Veteranos, o próprio batismo deveria voltar a acontecer apenas nessas ocasiões festivas. Ressalva, por fim, que os problemas que surgem não são culpa da tradição, mas sim das pessoas que, ocasionalmente, ultrapassam os limites do correto.

Por outro lado o Cria’ctividade (integração alternativa à praxe) é, na sua constituição, um coletivo de estudantes informais que se juntou de forma a mudar a cidade, uma vez que não via mudanças aparentes a ocorrer na mesma, explica Benny. A maior forma de tradição coimbrã, afirma ser a mesma mudança por parte de todos os que esta cidade abraça. Por isso, o coletivo criativo tem como objetivo criar espaços oportunos para estabelecer essa transformação de mentalidades, de maneiras de viver e de ver o mundo, enaltece.

A contribuição dada pelo Cria’ctividade na promoção e preservação desta outra faceta da tradição conimbricense é o contato ativo que estabelecem com diversas secções culturais, repúblicas estudantis, organismos autônomos e artistas independentes. Para este contato, o lema é, nas palavras do membro, “construir pontes e não muros“.

Este coletivo autogerido e autofinanciado pretende, como principal missão, mostrar aos externos que, juntos, podem fazer muito mais e criar mudança, destaca Benny.

Uma conversa entre um membro do MCV e do Cria’ctividade, era o modelo previamente idealizado pela RUC no lugar das duas entrevistas individuais. A mudança deveu-se à última atividade desta edição do Cria’ctividade, a anti-latada na rua São Salvador, o que levou o MCV a considerar o diálogo impossível. Ainda não lhes tendo sido comunicado nada em torno deste assunto, no que toca à posição do Cria’ctividade, Benny reforça o interesse em conversar de forma saudável sobre o porquê de não ter ocorrido a conversa entre ambos. A integração e inclusão são a base dos dois grupos, afirma, apesar de não terem a mesma forma de agir e pensar.

Com um balanço geral positivo da décima edição, o entrevistado destaca, sobretudo, a aproximação estabelecida entre o coletivo e a academia, afirmando que o Cria’ctividade é “uma integração alternativa à praxe e não um grupo de oposição“.

Catarina realça que estas tipologias de movimentos alternativos concentram-se principalmente na integração do caloiro, enquanto o papel do MCV vai muito além disso, abrangendo a tutela das tradições.

Em 2019, foram implementados os Senadores, membros das faculdades escolhidos pelo DUX para serem a ligação entre o que acontece nas faculdades e o Conselho dos Veteranos. Neste sentido, os Senadores trabalham para manter a estabilidade e evitar excessos na Praxe, explica Catarina Cota.

Fotografia: José Martinho (RUC)

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