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01.10.2023POR Isabel Simões

Manifestação “Casa para Viver” levou cerca de meio milhar de pessoas à Praça 8 de Maio

Foram vários os coletivos, movimentos e responsáveis por forças políticas do concelho que marcaram presença para reivindicar “mais habitação”, ontem, na Praça 8 de Maio em Coimbra

Fizeram-se ouvir novas e velhas palavras de ordem. Nos cartazes liam-se frases como “Mais habitação pública, social e cooperativa”, “A renda custa o meu salário – queria sair da casa dos meus pais – mas a renda não deixou” ou “Preservar a morada de família – impedir os despejos”.

“Habitação é um direito sem ela nada feito” gritaram os manifestantes.

João Rodrigues da associação Centro de Vida Independente, uma associação de pessoas com deficiência, contou-nos que para além da dificuldade em encontrar casa com as devidas acessibilidades, a própria lei “não está a ser devidamente cumprida”.

Damas Morais, do Movimento Porta Adentro congratulou-se com o facto de se estarem a manifestar pessoas de várias gerações, o que, do seu ponto de vista, demonstra que o problema da carestia de habitação afeta pessoas de todas as idades.

“Migrantes, estudantes mais pobres e qualquer pessoa que receba ordenado mínimo” são cidadãos com dificuldades no acesso à habitação, mencionou Damas Morais.

Segundo a Agência Lusa, António Costa afirmou no Congresso da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) a decorrer no Seixal, no distrito de Setúbal, que “não é ao Estado, não é ao Governo que compete dizer qual é a melhor estratégia para cada um dos municípios, é a cada município que compete dizer e definir qual é a melhor estratégia local de habitação”.

O primeiro ministro referiu ainda que “o que cabe ao Estado é criar os instrumentos legais e os instrumentos financeiros para que seja possível a execução dessa estratégia”.

Vereador da CDU, Francisco Queirós marcou presença na manifestação. Na vereação passada colaborou na Estratégia Local de Habitação do Município de Coimbra, enquanto responsável pela habitação social. Estratégia que foi depois ajustada pelo atual executivo de que também faz parte. Pedimos-lhe que comentasse as palavras do primeiro-ministro, António Costa no congresso da ANMP.

Francisco Queirós lembrou que o direito à habitação está definido na Constituição Portuguesa e considerou que “o Estado tem que ir muito mais longe”.

Coordenador do Movimento Cidadãos por Coimbra (CpC), Jorge Gouveia Monteiro, viu, na Assembleia Municipal o CpC criticar e votar contra a atual Estratégia Local de Habitação proposta pela Câmara Municipal de Coimbra.

Para a RUC, Gouveia Monteiro reforçou a condenação à aquisição recente de terrenos na Quinta das Bicas em Taveiro para habitação social e explicou as razões.

Associação Chão das Lutas, Centro de Vida Independente, Grupo de Estudos Brasileiros Maria Quitéria, Movimento Os Mesmos de Sempre A Pagar, Movimento Porta Adentro e Movimento Porta a Porta foram entidades organizadoras da manifestação em Coimbra.

Também na Praça 8 de Maio se viveu um momento de tensão quando elementos do partido Chega integraram a manifestação. Foram convidados a sair pela Polícia de Segurança Pública.

Mariana Rodrigues representante do Movimento Porta Adentro comentou para a RUC o incidente.

RUC procurou saber junto de um dos elementos do Chega as razões que os levaram a estar na manifestação, uma vez que tendo sido convocada por coletivos de esquerda, a presença do partido que se situa à direita no espectro político português, podia correr o risco de ser interpretada como uma provocação.

De acordo com a Agência Lusa, os protestos começaram ontem de manhã no Barreiro, Beja, Évora, Portalegre e Tavira. Da parte da tarde, além de Coimbra, decorreram manifestações em Lisboa, no Porto, Aveiro, Braga, Covilhã, Guimarães, Lagos, Leiria, Portimão, Viseu, Samora Correia e Alcácer do Sal.

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