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19.09.2023POR Diogo Barbosa

Os Sons Pesados do Verão: Uma jornada pelo Comendatio Music Fest – Dia 2

Entre os dias 5 e 6 de agosto, no Paço da Comenda, em Tomar, aconteceu o Comendatio Music Fest. A Rádio Universidade de Coimbra esteve presente, entrevistou a organização e algumas bandas portuguesas. Tudo para acompanhar nesta crónica

Com o despertar do segundo dia do Comendatio, a equipa da RUC refugiou-se do calor abrasador do Ribatejo à sombra reconfortante de uma árvore.
Enquanto esperávamos pelo início das festividades, um simpático residente local ofereceu-se graciosamente para ser o nosso guia, conduzindo-os numa visita a um dos locais mais divertidos que encontramos. Um café encantador, onde fomos agraciados com o Super Fresco, vinho branco com gasosa. A bebida refrescante foi uma pausa muito necessária do calor implacável, um momento de alívio fresco que nos revigorou os sentidos.
Mas não foi apenas o vinho que nos aqueceu; foi o calor genuíno das pessoas que encontramos. Os habitantes receberam-nos de braços abertos, criando uma atmosfera de hospitalidade genuína que nos fez sentir numa casa longe de casa.
A aventura continuou com uma fantástica salada de polvo, uma obra-prima culinária que deliciou os sentidos.
Para além desta refeição, uma piscina acenava, oferecendo uma fuga refrescante do calor, e a equipa aceitou o convite com entusiasmo.

Twin Seeds

O segundo dia do Comendatio começou com a banda portuguesa Twin Seeds, um grupo que tem sofrido transformações significativas desde a sua formação em 2019.
Inicialmente concebidos como um conjunto instrumental, os Twin Seeds evoluíram ao longo do tempo, ganhando uma nova dimensão com a mais recente entrada de Joana Mafalda como vocalista. A transição da banda, com a introdução desta voz, foi um passo ousado e marcou um ponto de viragem no seu percurso artístico. A voz de Joana Mafalda entra como um novo instrumento no conjunto, acrescentando camadas de emoção e expressão à sua música, com a sua atuação a ser um testemunho da sua evolução.
Como antevisão do Comendatio, a RUC teve a oportunidade de falar com os Twin Seeds. A conversa aprofundou a evolução criativa da banda, os desafios e as recompensas de adicionar novos objetos à sua música e a sinergia única que surge quando os músicos embarcam juntos na sua viagem.
A viagem da banda não é apenas um testemunho do seu crescimento musical, mas também um reflexo do empenho do festival em apresentar talentos emergentes e apoiar os artistas na sua busca de exploração criativa. Foi um lembrete de que o Comendatio é uma plataforma onde a experimentação musical e a inovação tem lugar.

https://www.ruc.pt/podcast/coberturas-ruc/entrevista-com-twin-seeds-comendatio-music-fest-2023

Apotheus

Logo a seguir a Twin Seeds subiram a palco os Apotheus, prestes a lançar o seu mais recente trabalho, “Ergo Atlas”.
Como é apanágio do Comendatio o seu concerto foi uma viagem. A fusão distinta de vozes limpas e guturais criou uma dinâmica cativante e contrastante no seu som. Foi um testemunho da sua versatilidade artística, transitando sem problemas entre harmonias melódicas e rosnados estrondosos.
Há que notar, no entanto, a capacidade dos Apotheus de entrelaçar a sua música com o reino da ficção científica. A sua criação em 2019, “The Far Star”, é um exemplo do seu empenho em contar histórias através da sua música. A exploração da banda de temas de ficção científica adicionou uma camada extra de profundidade às suas composições, criando uma experiência narrativa para os seus ouvintes.
A equipa da RUC teve a oportunidade de falar com os Apotheus, aprofundando o seu processo criativo e o seu caminho pela ficção científica. Uma conversa que ofereceu um vislumbre da visão artística da banda e da dedicação que tiveram na criação do seu universo.
Com os ecos do concerto dos Apotheus, a equipa da RUC continuou a sua viagem pelo Comendatio.

https://www.ruc.pt/podcast/coberturas-ruc/entrevista-com-apotheus-comendatio-music-fest-2023

Blaze The Trail

No mundo dos festivais de música, as mudanças de última hora fazem parte do acontecimento. Foi o que sucedeu no Comendatio. Os Corrosive, que estavam programados para atuar, tiveram de cancelar a sua atuação, deixando um vazio no alinhamento do festival. No entanto, surgiu um substituto digno: Blaze The Trail, um projeto de metalcore/hardcore proveniente de Valladolid.
A presença dos Blaze The Trail era familiar para aqueles que tinham estado presentes no festival no ano anterior, com o seu regresso a ser bem recebido pelo público. Quando os Blaze The Trail subiram ao palco, as pessoas não perderam tempo a mostrar o seu apreço. O público dançou e fez mosh, mergulhando totalmente na atuação energética e revigorante da banda. A adição de última hora de Blaze The Trail demonstrou a capacidade de adaptação do festival e do público.
Quando as notas finais da banda reverberaram pelo recinto, ficou claro que os Blaze The Trail não só tinham preenchido o vazio deixado pela ausência dos Corrosive, como também tinham acrescentado a sua centelha ao calor do festival.

Playgrounded

À medida que a noite chegava ao Comendatio, o apetite por prazeres musicais continuava a crescer, e foi aguçado de Playgrounded, uma banda grega baseada em Roterdão. A sua fusão de rock progressivo pesado, com toques de eletrónica, criou uma viagem que deixou uma marca indelével no público.
Uma das coisas que saltou à vista da equipa RUC foi o trabalho de Orestis Zafeiriou no teclado. Uma assinatura que os distinguiu, fundindo a sua música com um toque cativante. O público do festival foi brindado com uma atuação que foi simultaneamente poderosa e hipnotizante.
Embora seja tentador fazer comparações com bandas de culto como Tool ou Deftones devido às semelhanças no som, Playgrounded é tudo menos um mero imitador. Mostram habilmente as suas influências enquanto forjam um caminho distinto próprio. A sua música soa como uma homenagem às suas inspirações, sem ser uma cópia.
O público, sintonizado com o seu rock progressivo, foi arrebatado pela atuação da banda. Cada nota, cada ritmo, transportou o público para uma paisagem sonora que era ao mesmo tempo familiar e refrescantemente original.

Unprocessed

Quando o céu noturno envolveu o Comendatio, a expectativa entre a audiência atingiu o seu auge. O palco estava preparado para um crescendo de som e energia quando a banda alemã Unprocessed fez a sua entrada. O que se seguiu foi uma experiência de concerto que só pode ser descrita como eletrizante.
A atuação dos Unprocessed foi uma aula magistral de interação com o público. Desde a primeira nota, criaram uma ligação inquebrável, convidando todos a serem participantes ativos na sua viagem. Um espetáculo de headbanging, uma chamada às armas para o mosh pit e um convite para que todos se soltassem e se rendessem à música.
O concerto foi uma investida pesada, uma tempestade que assolou o recinto do festival. Unprocessed ocupou um espaço único no mundo do rock, onde o virtuosismo instrumental foi perfeitamente combinado com velocidade e melodia. Foi uma atuação comprovativa de que a questão dos géneros musicais está muitas vezes ultrapassada e mostrou a sua capacidade de ser muito coeso, à semelhança de outros projectos como Polyphia. O público respondeu com entusiasmo, um mar de corpos a moverem-se em harmonia com a energia implacável da banda.
A atuação dos Unprocessed abriu as portas para o grande final do festival.

Caligula’s Horse

À medida que o Comendatio se aproximava do seu grande final, a expectativa pairava no ar. E, no desenrolar da noite, foi a banda australiana Caligula’s Horse que subiu às luzes da ribalta, pronta para dar uma atuação que ficaria gravada na história do festival.
Caligula’s Horse, apesar de trazerem indubitavelmente o seu som único, despertaram ecos de bandas como Soen na mente daqueles que apreciaram a sua música. No entanto, como acontece com todos os artistas, foi a sua atuação que ocupou o centro do palco e definiu a sua presença no festival.
Jim Grey, o vocalista da banda, possuí uma voz limpa e poderosa, uma força que dominou o palco e o público. A sua presença não foi nada menos do que exímia, um frontman carismático que se ligava sem esforço ao público, convidando-o a entrar no mundo da banda.
Mas não foi apenas a música que cativou o público; foi o sentido de humor contagiante da banda. Entre as músicas, Caligula’s Horse enchiam o ar de gargalhadas, criando uma atmosfera de camaradagem e amizade..
A atuação dos Caligula’s Horse foi uma boa forma de encerrar o Comendatio, deixando o público com uma sensação de satisfação e calor. A sua música, com melodias intrincadas e letras emotivas, ressoou profundamente na multidão, formando uma ponte entre o artista e o público.

E assim, o Comendatio chegou ao fim, deixando para trás memórias de bons concertos e um sentimento de pertença. Ao despedirmo-nos deste festival, refletimos sobre o seu potencial de crescimento em termos de público, qualidade e espaço, e aguardamos ansiosamente o próximo capítulo do seu percurso.

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