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“Abril no Feminino” celebra mulheres que lutaram pela Democracia

A evocação do trabalho de Maria Lamas em prol da mulher portuguesa, a homenagem ao trabalho da escritora Natália Correia em ano de centenário do seu nascimento, e cartas escritas por mulheres presas na cadeia do Aljube ao tempo da ditadura, vão fazer parte da 3ª. Edição de Abril no Feminino.

De 5 a 27 de abril, nove eventos imaginados por mulheres do presente celebram mulheres do passado que se distinguiram pelo trabalho político e artístico em prol da democracia. Um programa “plural e inclusivo” com foco na “produção artística, poética, literária, académica” que se vai materializar em teatro, cinema, literatura, poesia, arte, fotografia e gastronomia, contou Margarida Mendes Silva produtora e programadora cultural, em conferência de imprensa no Seminário Maior de Coimbra, a semana passada.

As iniciativas são de entrada livre com exceção da peça de teatro “Coragem hoje, Abraços Amanhã”, a decorrer no dia 27 na Black Box do Convento São Francisco. Para além desta sala todas as outras atividades vão decorrer em salas do património da cidade, um propósito presente desde a primeira edição, lembrou Margarida Mendes Silva.

Um dos eixos em destaque prende-se com o trabalho de Maria Lamas, “Mulheres do meu país”. O trabalho da jornalista saiu entre 1947 e 1950 em fascículos e depois converteu-se em livro. Nas palavras de Margarida Mendes Silva, uma obra que é “um retrato tremendo e muito verdadeiro da condição da mulher naquela época” uma vez que Maria Lamas fez uma viagem de norte a sul de Portugal incluindo ilhas.

O livro foi agora revisitado pela escritora e jornalista Susana Moreira Marques na obra “Lenços pretos, chapéus de palha e brincos de ouro”. A escritora vai estar presente numa conversa moderada pelo jornalista João Gobern, no Seminário Maior de Coimbra, dia 14 de abril às 18h30. No dia seguinte, a 15 de abril, no mesmo local tem lugar o filme “Um nome para o que sou” de Marta Pessoa.

O segundo eixo assinala o centenário do nascimento de Natália Correia “dando palco à sua prosa e poesia”. Natural dos Açores, a poeta foi “mulher coragem, insubmissa, indomável, inquietante e sedutora” lembra Margarida Mendes Silva. A vertente poética e política de Natália será recordada na Casa da Escrita, no dia 22 de abril pelas atrizes Helena Faria e Teresa Faria, pelas 17 horas.

A programação desenvolve-se num terceiro eixo –  a celebração do 25 de abril –  “esse dia inesquecível que Natália Correia retrata como rubra fraternidade de cravos em que os homens saudaram a revolução”, assinalou a produtora cultural.

A revolução dos cravos é evocada na peça de teatro “Coragem hoje, abraços amanhã” de Joana Brandão. Chega a Coimbra ao Convento São Francisco a 27 de abril, às 19 horas e encerra o ciclo “Abril no Feminino”. A peça parte de testemunhos reais de mulheres presas que lutaram pela democracia.

A programação vai passar por mais alguns momentos. Uma exposição de fotografia de Bárbara Marques com um trabalho motivado pelo “admirável mundo novo dos vegetais”. “Uma couve acaso tem beleza?” é título da mostra que procura enaltecer a beleza dos produtos que a mãe natureza nos oferece. Inaugura dia 5 de abril no Museu Nacional de Machado de Castro às 18 horas. O olhar para os vegetais prolonga-se com a conversa “Da vida dos vegetais. Uma história da natureza-morta”, a 13 e a 16 de abril, também no Museu Nacional de Machado de Castro (MNMC), pelo historiador de arte, Pedro Miguel Ferrão.

A 20 de abril, “O conto da couve, fios de luz e de sombra” com Olga Cavaleiro traz-nos o Portugal Gastronómico da região das Beiras onde em tempos de fome e de crise um bolo de couve foi sustento e que fará as delícias dos que se deslocarem ao MNMC.

Ainda no âmbito de “Abril no Feminino”, o Museu da Ciência apresenta a 21 de abril uma instalação/conversa chamada “As Penélopes” que reúne textos de 12 autoras. A partir da figura da mitologia grega de Penélope e da comunidade piscatória da Póvoa do Varzim, o projeto estabelece um diálogo entre a literatura e o bordado das camisolas poveiras. Agraciado pelo European Heritage Days, foi distinguido em 2022 como uma das melhores histórias europeias.

O reitor do Seminário Maior de Coimbra, padre Nuno Santos participou na conferência de imprensa de apresentação da programação de “Abril no Feminino” e salientou a importância de ligar cultura e espiratualidade. “A nossa vida é mais do que uma conta bancária e a Arte eleva a vida das pessoas”, disse.

Toda a programação de “Abril no Feminino” pode ser consultada aqui.

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