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“Revolution (Título Provisório)”, estreia em Abril e promete refletir sobre Democracia Contemporânea

Quatro estruturas teatrais das 20 que compõem a “Rede Descampado” (ASTA da Covilhã, Baal17 de Serpa, d’Orfeu de Águeda e Teatrão de Coimbra) estreiam em Abril, a 21, em Serpa, uma peça sobre os perigos que ameaçam a democracia portuguesa. De 29 de abril a 1 de maio apresentam-se em Coimbra.

Sob um texto original do dramaturgo Tiago Alves Costa com dramaturgia, encenação e cenografia de Gonçalo Guerreiro, direção musical de Artur Fernandes e figurinos de Filipa Malva, o título provisório torna-se definitivo. Uma alusão à fragilidade de todas as revoluções e em especial da revolução portuguesa iniciada em 25 de Abril de 1974.

No entanto, “não é um espetáculo documental, não há um referenciamento histórico. É um espetáculo contemporâneo que fala de como nós, de hoje em dia, vivemos essa herança de uma revolução portuguesa que ocorreu há quarenta e nove anos”, contou-nos o encenador em conferência de imprensa a semana passada.

Inspirada na filosofia de Daniel Innerarity, a peça evidencia a complexidade do sistema democrático atual em que os partidos tradicionais “deixaram de ter respostas e, os partidos da extrema-direita se manifestam com “um discurso simplista para problemas complexos”. “Os partidos de extrema-direita “já não precisam de fazer um golpe de estado”, disse alguém do público, no final do ensaio aberto.

As criações de Gonçalo Guerreiro têm, segundo o próprio, “uma tendência mais poética do que política” pelo que o espetáculo coloca dúvidas sem ser “dogmático”. O encenador começou por conceber um espaço e desenhou uma fachada. O texto original foi sendo alterado com a participação dos 16 atores. Já a cenografia vive, do ponto de vista plástico, “uma tendência cubista”, com quatro cores primordiais: o vermelho, o azul, o negro cinzento e o bege.

O vermelho óbvio dos cravos vermelhos, aparece-nos desta vez num telemóvel e no chão. Segundo o encenador esteve para não aparecer. Já o final é o desmoronar da utopia.

Na direção musical de Artur Fernandes há inspiração na Grândola mas muito “escondidinha”. Nas palavras de Gonçalo Guerreiro, o que ouvimos na peça vai buscar muita música de hoje. A expressão musical na peça passa pela existência em cena do canto dos atores e pela presença de instrumentos como o trombone, acordeão, saxofone e Ukulele.

As quatro estruturas que vão trabalhar juntas têm todas apoio da DGArtes. Tal como no slogan de Abril “O Povo Unido Jamais Será Vencido”, apesar “da tarefa difícil e inédita” de trabalhar nesta escala, houve a intenção de “juntar pessoas e de trocar experiências”, esclareceu Isabel Craveiro, diretora artística d‘ O Teatrão.

Apesar de a peça mostrar que a democracia atual disfarça a complexidade governativa e acentua o papel do entretenimento na ação política, o espetáculo não se fica por uma perspetiva apenas derrotista. “Sonho… continuo a acreditar que vamos conseguir através do sonho”, mencionou alguém do público no final do ensaio aberto.

Revolution (Título Provisório)” estreia em Serpa a 21 de abril e chega a Coimbra à Oficina Municipal do Teatro três dias antes do primeiro de maio.

Fotografia: Fabrice Ziegler

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