[object Object]

Seis exposições, dois concertos, uma conversa, o mundo do som a fazer-se ouvir no Convento São Francisco

Artistas sonoros mais e menos jovens guiaram-nos pelos sons da cidade, memórias transformadas em propostas para escutar ou construir. Um regresso ao mais ancestral da humanidade, o som.

Os artistas sonoros/responsáveis pelas instalações, Tomás Quintais, Pedro Martins, Catarina Pires, David Sarmento, Frederico Martinho, Luísa, Luisinha, Elisabete, Beatriz, Márcio, Inês, Luís Antero, João Lourenço, Kaffe Matthews, Edu Comelles, Stuart Fowkes e Fátima Miranda estiveram na inauguração do Dar a Ouvir, ontem, sábado, dia 16.

Até 4 de setembro, o Convento São Francisco (CSF) acolhe a programação de “Dar a Ouvir” e convida-nos a mergulhar num universo sonoro variado, nem sempre reconhecido mas vibrante.
Como contou à RUC a vereadora da Câmara Municipal de Coimbra, Ana Cortez Vaz, “é preciso voltar em grupos pequenos” e ouvir de preferência “de olhos fechados”.

Tomás Quintais, jovem artista sonoro tem patente três exposições. “Actants” mostra-nos como a arquitetura da cidade influencia a geofonia dos lugares. “Cantus Discantus II” provém da primeira instalação Discantus apresentada no Festival Semibreve 2021 em Braga. Aqui são as biofonias da cidade de Coimbra a terem primazia.

A última instalação do jovem artista sonoro corresponde às antropofonias da cidade. “Passaggio” os sons produzidos pelos seres humanos e pelas máquinas que constroem. Sete microfones suspensos ativam os sons da cidade de acordo com os passos no tapete de folhas. Tomás Quintais explicou a designação da instalação.

Uma máquina de escrever onde ao teclarmos frases em que se incluem palavras mágicas podemos escutar sons do Arquivo Sonoro do Centro Histórico de Coimbra. Gravado a partir de 2013, o acervo guarda algumas sonoridades já desaparecidas, por exemplo som gravado nas ruas da Baixa da Cidade, como contou Luís Antero ao público presente na inauguração.

Pedro Martins do Departamento de Engenharia Informática da Universidade de Coimbra começou por se identificar como o “velhadas” do Dar a Ouvir, no que faz parceria com Luís Antero. A instalação “MS02” (Mobiliário Sonoro 02) permite-nos ter acesso ao Arquivo Sonoro do Centro Histórico de Coimbra.

Um móvel semelhante a um contador guarda sons recolhidos pelo Jazz ao Centro Clube sob a direção artística de Luís Antero. A instalação “MS02”, que classificou como “terceira iteração”, tem autoria de Cristiana Bastos, Tiago Martins e Pedro Martins.

O projeto “Cidade Sonora” tem uma vertente educativa. A equipa trabalhou com alunos da Escola Secundária D. Dinis e com o grupo de mulheres do “Saco da Baixa” e produziu uma instalação com propostas arquitetónicas e sonoras para a cidade. Houve um encontro entre gerações que criou o que podemos visitar na exposição. Foi um processo de cerca de três meses a trabalhar com uma equipa alargada.

Frederico Martinho ajudou-nos a compreender a instalação.

Kaffee Mathews levou a sua Sonic Byke uma bicicleta que envolve o veraneante em composições sonoras à medida que se desloca por um percurso predefinido. Com assento na Loja Zero na Rua Adelino Veiga a artista sonora tem consigo cinco veículos que empresta a quem lá se dirija a partir das 11 da manhã até às seis da tarde. O circuito  com a Sonic Byke pode ser realizado até 18 de agosto.

O veraneante recebe um mapa com o circuito do passeio. Durante o percurso um GPS deteta onde está a bicicleta e o condutor é envolvido num ambiente sonoro criado em especial para esse ponto da cidade. Kaffe Matthews divulgou o percurso de “No Landing” ao longo do Rio Mondego e o diretor do Jazz ao Centro Clube, José Miguel Pereira, fez a tradução.

Depois das visitas guiadas pelos artistas sonoros a tarde continuou com a conversa “A voz do Mundo II” entre Luís Antero, Stuart Fowkes e Edu Comelles que antes apresentou o concerto/performance, “28 Altifalantes Que São Uma Paisagem”.

A finalizar Fátima Miranda convidou-nos à escuta ativa da voz humana usada como um instrumento de vento e percussão. No final convidou o público presente a escutar o som da Antiga Igreja do Convento São Francisco e a reproduzir esse som em conjunto.

Do programa de hoje domingo, dia 17,  para além das instalações há lugar a uma oficina para os mais novos, duas performances e um passeio sonoro “À Escuta do Lugar”. Até 4 de setembro ficam disponíveis as instalações.

Fotografia: CSF@João Duarte

PARTILHAR: