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Carlos Camponez: “O jornalismo tem de se afirmar pela sua qualidade”

O docente da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra falou do resultado de Portugal no relatório mundial da liberdade imprensa, da atividade jornalística em tempo de pandemia e as questões da precariedade na profissão, o jornalismo em tempo de guerra e comentou as declarações de Marcelo Rebelo de Sousa no dia da liberdade de Imprensa.

O espaço de comentário do Observatório de quarta feira, dia 4 de maio, esteve a cargo de Carlos Camponez, professor do curso em Jornalismo e Comunicação, docente da unidade curricular de Deontologia do Jornalismo e Comunicação.

No âmbito da celebração do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, no dia 3 de maio, foi tornado público o resultado obtido por Portugal no Relatório de Liberdade de Imprensa Mundial que conseguiu alcançar o sétimo lugar no ranking. 

“Este é um resultado que é muito interessante”, segundo o docente, uma vez que realça que o nosso país ocupa estes primeiros lugares já algum tempo devido ao quadro legal em vigor e graças ao jornalistas. O docente da FLUC fala também da situação dos países de língua oficial portuguesa e destaca que é mais crítica. 

“O jornalismo tem de se afirmar pela sua qualidade”

Marcelo Rebelo de Sousa afirmou na terça-feira, dia 3, que um d0s problemas da imprensa atual era o grande consumo de informação nas redes sociais, substituindo a leitura de notícias em jornais e outros meios de comunicação por estas plataformas. Carlos Camponez afirmou que o jornalismo tem de se afirmar pela sua qualidade e distinguir-se daquilo que se passa nas redes socais, caso contrário, poderá hipotecar o futuro da profissão. O professor acrescentou que o problema da desinformação deve-se ao local onde as pessoas procuram obter informação.

“O estudo revelou um agravamento de uma tendência que havia antes”

Carlos Camponez refere que a precariedade dos jornalistas é um fenómeno que aumentou durante o período pandémico, uma vez que o cenário de precariedade na profissão é uma realidade que se prolonga há longos anos tanto nos jovens jornalistas, como nos profissionais com carreira longas. O professor sublinha que a precariedade e a falta de condições para realizar a profissão são uma forte ameaça para a liberdade de Imprensa.

“A liberdade conquista-se a cada dia”

O investigador destaca que a profissão tem que se distinguir através do tipo de comunicação que faz para a sociedade. Para além disso, Carlos Camponez diz que a sociedade está desligada dos assuntos do país, fazendo com que esse desinteresse se reflita na pouca utilização da informação divulgada pelos órgãos de comunicação e, consequentemente, dificulta o trabalho dos profissionais.

“Sou contra a suspensão de orgãos de comunicação russos”

O professor da FLUC é contra a decisão da União Europeia em suspender os órgãos de comunicação russos devido ao caráter da decisão e ao facto de passar um atestado de incompetência aos utilizadores destes meios de comunicação. Carlos Camponez completa que a decisão foi tomada pela Europa sem que tenha existido um debate nesse sentido e, por isso, foi uma decisão “perigosa”.

A entrevista pode ser ouvida na íntegra em formato podcast no link acima ou através do Spotify.

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