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Diogo Vale: “Ou a DG/AAC toma atitudes diferentes perante a reitoria e perante os estudantes ou, efetivamente, não está a ter uma posição forte o suficiente perante o reitor”

A defesa pelo aumento de ação social, o apelo pelo apoio psicológico para os estudantes vítimas de assédio e ainda a revogação do RJIES são os pilares da candidatura encabeçada por Diogo Vale.

O Observatório do dia 21 de abril contou com a participação de Diogo Vale, candidato à presidência da Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC) pela Lista U – Lutar em Unidade.

Em 2020, Diogo Vale disputou as eleições para a DG/AAC contra João Assunção. Questionado sobre as motivações que o levaram a recandidatar-se, o estudante da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC) apontou, desde logo, a luta pela resolução dos “muitos problemas da Universidade de Coimbra (UC)”, que “se têm arrastado ao longo dos últimos anos”. A falta de prato social em algumas das cantinas foi o problema que o cabeça de lista começou por assinalar.

“Ou a Direção-Geral toma atitudes diferentes perante a reitoria e perante os estudantes ou, efetivamente, não está a ter uma posição forte o suficiente perante o reitor”

Em declarações à RUC, o reitor da UC, Amílcar Falcão, justificou a falta de prato social nas cantinas com a diminuição do fluxo de estudantes que utilizam as estruturas. Diogo Vale, por sua vez, referiu que a baixa afluência “já foi muitas vezes discutida e desmitificada em Magna como não fazendo sentido”. Para o cabeça de lista, as afirmações do reitor revelam desconhecimento da realidade dos estudantes, o que é, segundo diz, “chocante”.

Na opinião de Diogo Vale, os membros da DG/AAC “demarcam-se, sem propriamente condenar ou mostrar desacordo com as afirmações”, no comunicado emitido após as declarações de Amílcar Falcão. Além disso, “voltam a pedir os dados da afluência”, que classifica como “falaciosos”. Para o estudante de Medicina, “a Direção-Geral, tanto a atual como a anterior, em muitos aspetos entra nesta retórica do reitor, quando ele invoca a questão da baixa afluência”.

“Foi um grande momento de unidade do movimento associativo estudantil a nível nacional, um momento sem precedentes nos últimos anos. Foram mais de 20 associações em frente à Assembleia da República”

O estudante de medicina relembrou que a manifestação no âmbito do Dia Nacional do Estudante, dia 24 de março, que levou cerca de 1100 estudantes a manifestarem-se nas ruas de Lisboa, foi um marco que juntou cerca de 20 associações de ensino superior que reivindicaram por uma melhoria da ação social. Por isso, defendeu que é o momento de “aproveitar a oportunidade” de juntar esforços e garantir melhores condições para os estudantes do Ensino Superior, tanto em Coimbra, como a nível nacional.

“O PNAES previa a concretização de camas para a cidade de Coimbra e isso não se tem verificado”

Diogo Vale crê que “há consciência de que há uma debilidade” em relação à necessidade de camas para a habitação de estudantes, bem como “um plano” para a solucionar, referindo-se ao Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior (PNAES). Contudo, o cabeça de lista afirma que “não há, se calhar, vontade política” para o concretizar, já que “o PNAES previa a concretização de camas para a cidade de Coimbra e isso não se tem verificado”. Segundo o candidato à DG/AAC, a própria direção-geral deve “promover o debate e a reivindicação nesse sentido”.

“Acho que as obras são sem dúvida positivas, já tardam é pela demora”

A primeira fase das obras no edifício da Associação Académica de Coimbra está prevista para o início do próximo mês. Ainda sem se ter conhecimento de quais serão as próximas fases, nem para quando está prevista a realização das mesmas, porque ainda não existe financiamento, Diogo Vale mostrou-se preocupado quanto à possibilidade de se voltar a assistir a “um período de largos anos em que as obras são prometidas e não acontecem”. “Acho que isso convinha ser esclarecido”, apontou Diogo Vale.

Para o cabeça de lista, além das intervenções necessárias no edifício da associação, é necessário “procurar novos espaços para as secções poderem desenvolver a sua atividade com normalidade”. O reitor afirmou em entrevista à RUC que não existem muitos espaços que possam ser utilizados pelas secções, mas Diogo Vale insiste que existem alguns e que poderão ser disponibilizados pela Universidade como solução para a falta de espaço no edifício.

Relativamente à acessibilidade de estudantes com mobilidade reduzida, o candidato afirma que é necessário que essa adaptação do edifício faça parte da próxima fase das obras, porque, segundo o mesmo, “não faz sentido que um estudante que é associado da AAC como qualquer outro não tenha a mesma capacidade de utilizar um espaço que também é seu”.

“[Sobre os casos de assédio] O que não pode acontecer é uma demarcação total, como o reitor fez, relativamente a estas questões”

Nas últimas semanas foram tornadas públicas várias denúncias de casos de assédio sexual e moral na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (FDUL). Sobre o tema, Diogo Vale salientou a “limitação” do papel das instituições no tratamento das denúncias feitas por estudantes, uma vez que uma “denúncia por si, não é uma queixa-crime”. Porém, criticou a posição de demarcação de Amílcar Falcão, uma vez que é necessário prestar um “papel de apoio” às vítimas de assédio e as longas listas de espera dos serviços de psicologia podem demover os estudantes de procurar apoio psicológico.

Ainda sobre os casos de assédio, Diogo Vale afirma que “muitas vezes vem da parte dos docentes” e isto acontece “porque há uma relação desigual entre docentes e estudantes”, devido, segundo o mesmo, à gestão das próprias instituições.

“Há pouquíssimos (estudantes), ou com pouco poder, na gestão das Universidades e isso tem que ser alterado” 

Diogo Vale defende a revogação do Regime Fundacional, um regime que não entrou em vigor na UC, mas que é previsto no Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES), também alvo de críticas por parte do estudante.

O candidato salientou que os estudantes não têm um papel decisivo e de poder na gestão da UC e referiu que as entidades externas têm uma maior representação do que os próprios alunos. Também criticou a concentração de poderes no reitor.

Durante a conversa, o candidato à presidência da DG/AAC defendeu ainda o fim da propina e o aumento da ação social, de forma a que todos os estudantes tenham a oportunidade de ingressar no Ensino Superior.

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