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JOVENS DO BE E CDS DISCORDAM EM QUASE TUDO MENOS NA PROPINA ZERO

Na sexta-feira, dia 1 de abril, o Observatório contou com a presença de Luís Gouveia Junior, a representar os jovens do Bloco de Esquerda e de Rafael Dias, da juventude popular. Em debate estiveram os temas do ensino superior, habitação, mobilidade e saúde.

No dia 24 de março, 200 estudantes saíram de Coimbra rumo a Lisboa para se manifestarem por melhores condições no ensino superior. Entre as demandas destacam-se uma maior oferta do prato social, mais investimento nas residências, revisão do RJIES e abolição do sistema de propinas. Eis o ponto de partida do debate entre juventudes partidárias do dia 1 de abril.

Ensino Superior

 “É absolutamente discrepante as propinas que os estudantes internacionais pagam e Coimbra”, Luís Gouveia Junior

 “Antes de falarmos de propina, temos de ter em conta qual é o estado do ensino em Portugal”, Rafael Dias

Sobre a questão das propinas no ensino superior, Luís Gouveia Junior, do Bloco de Esquerda (BE), defendeu a “redução gradual da propina até alcançar a abolição total”. Salientou que esta medida é fundamental num regime que se diz democrático, visto que a educação é um pilar central para o funcionamento do país. Além disso, reforçou a necessidade de diminuir a propina para os estudantes de países fora da União Europeia. Por sua vez, Rafael Dias, do CDS, reconheceu a importância de caminhar progressivamente no sentido da propina zero, mas relembrou que existem outros problemas no ensino superior que devem ser atendidos.

Em relação às residências universitárias, a fratura é clara: enquanto BE enquadra a questão na área da habitação, afirmando que se deve controlar o aumento das rendas no geral; CDS quer que o privado possa servir como parceiro na construção de mais habitações para os jovens, defendendo que não deve haver “preconceito ideológico em trabalhar com o setor privado para dar condições aos estudante”.

Mobilidade

“Os governos têm clara falta de “ cuidado ambiental” no que diz respeito aos transportes”, Luís Gouveia Junior

“A 25 de Abril de 1974 tínhamos mais quilómetros de ferrovia, do que o que temos hoje”, Rafael Dias

Falando especificamente de mobilidade, Luís Gouveia Júnior, do BE, frisou a falta de “cuidado ambiental” dos governos portugueses, relativamente aos transportes públicos. Na sua intervenção no que diz respeito à mobilidade falou ainda da degradação dos serviços públicos deste tipo, em especial, no interior do país. Rematou dizendo que Portugal é cada vez mais isolado no que toca às ferrovias, que, na sua opinião, foram totalmente esquecidas.

Questionado sobre a coesão territorial e sobre a posição do CDS-PP nesse assunto, Rafael Dias deixou claro que, na sua opinião, deveria existir uma “discriminação positiva” e bonificação dos habitantes do interior do país, que resistem à vasta falta de oportunidades, em comparação com os habitantes do meio urbano.

Saúde

“ A política é a arte do possível e certamente continuará a ser”, Rafael Dias 

“O estado para salvar um banco tem dinheiro, para investir na TAP tem dinheiro e para investir no SNS já não tem”, Luís Gouveia Junior 

Rafael Dias explica que o CDS, em 1979, votou contra a “Lei Arnaut” pelas mesmas razões que, em 1990, apoiou Cavaco Silva na pretensão de abrir a saúde à iniciativa privada. Para o Presidente da Junta de Freguesia de Gião, o SNS não deve ter preconceitos ideológicos na sua prestação e destaca o CDS como o grande propulsor da ideia de ter o setor privado a complementar o público na saúde.

Já o representante dos Jovens do Bloco, Luís Junior, exemplifica, com o fecho do Hospital dos Covões, as ações contra o SNS às quais assistimos hoje em dia. O jovem recusa que o SNS seja uma derrota da esquerda, mas lembra que não é uma vitória absoluta. Na sua opinião, a saúde é um serviço que não deve ser capitalizado e aponta as taxas moderadoras como algo a combater para caminhar para a saúde universal e gratuita.

O representante da Juventude Popular, acredita que temos uma sociedade civil dinâmica que pode aproveitar o setor social e privado para complementar a oferta pública na saúde. Rafael Dias questiona como é que o BE quer investir em tantas vertentes, sem que haja condições para isso, catalogando as ideias do oponente como “utópicas”.

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