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04.03.2022POR Carlos Bento

Bernardo Fazendeiro: “Jamais imaginava que a Rússia quisesse uma guerra de larga escala”.

O espaço de comentário do Observatório desta quarta-feira, 2 de março, contou com a presença de Bernardo Fazendeiro. O professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra abordou a temática do conflito armado entre a Rússia e a Ucrânia que principiou no dia 23 do passado mês de fevereiro.

O investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra começou por destacar na sua intervenção a relação entre a anexação da península da Crimeia, em 2014, e a atual invasão da Ucrânia. No seu ponto de vista, o conflito armado que a região do leste europeu está a viver neste momento, iniciou-se há 8 ano quando o Kremlin anexou a Crimeia e começou a apoiar os separatistas da zona do Donbass.

O professor de Relações Internacionais afirmou ter especulado acerca das movimentações de tropas russas para a fronteira entre a Rússia e a Ucrânia tendo, no entanto, acabado por falhar na sua previsão. Afirma isto uma vez que presumia que a invasão que poderia ter ocorrido seria “localizada”, como aconteceu na região do Donbass, mas mantendo igual intensidade de forma a consolidar a região após a declaração de independência.

Bernardo Fazendeiro sublinhou que a antecipação desta invasão era “muito difícil”. No seu entender, o discurso radicalizado do presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, confundiu os especialistas que acreditavam tratar-se de outro momento idêntico àquele que se sucedeu em 2014. O docente da Universidade de Coimbra reiterou que Moscovo fez uso de vários slogans nacionalistas que tentavam dar legitimação a uma possível situação de guerra. Todavia, e como Bernardo Fazendeiro enfatizou, “ quando as hostilidades iam extremando, Putin encontrava uma forma de a Rússia não ficar isolada”.

O professor da Faculdade de Economia não tem dúvidas que a invasão que está em curso se trata de um ímpeto imperial de Vladimir Putin. A par da atitude imperialista do Kremlin, Bernardo Fazendeiro reportou a existência de diversos erros estratégicos e táticos do exército Russo, entre eles, declarar a invasão. Nas palavras do investigador, os erros que têm vindo a ser cometidos indiciam alguma precipitação e imprudência nos preparativos da invasão.

O professor de Relações Internacionais diz estar preocupado com as implicações a longo prazo deste conflito. Considera que a manutenção da guerra pode ter consequências nefastas para os  mais de 600 mil refugiados ucranianos que se deslocaram para os países fronteiriços e que serão obrigados a enfrentar algumas dificuldades para restabelecer a sua vida, tais como a alimentação, o abrigo e o emprego.

Esta entrevista pode ser ouvida na íntegra no podcast disponibilizado no topo da publicação ou no Spotify da Rádio Universidade de Coimbra.

 

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