UC de olhos postos no futuro na comemoração do seu 732º aniversário

No passado dia 1 de março celebrou-se o 732º aniversário da instituição de ensino superior mais antiga do país. Inaugurada pelo rei D. Dinis, em 1290, a Universidade de Coimbra comemorou mais um ano de existência com a habitual cerimónia solene que teve lugar na Sala dos Capelos, associando-se também às celebrações de outras importantes datas, tais como os 250 anos da Reforma Pombalina (que teve um grande impacto na instituição da universidade), os 200 anos de independência do Brasil ou os 20 anos da independência de Timor-Leste .

Durante a manhã, Amílcar Falcão, atual reitor da Universidade de Coimbra, foi aquele que durante mais tempo se fez ouvir. O discurso, que teve cerca de 40 minutos, atacou uma grande diversidade de tópicos, tal como a invasão russa à Ucrânia – algo que condenou (como afirma condenar qualquer ato bélico, independentemente dos intervenientes) -, informando que a UC fica à disposição do governo de Portugal para “acolher de forma condigna estudantes refugiados de guerra”.

Apesar de mostrar preocupação com a atual conjuntura sociopolítica, marcada por um período pós-pandémico a que se segue agora uma escalada de tensões entre as potências militares e económicas mundiais, o reitor deixou uma mensagem de “esperança e de confiança”.

Na superação da pandemia covid-19, Amílcar Falcão afirmou que a UC está “no caminho certo” e destacou a crescente desmaterialização da universidade que, para além de ter um importante papel no combate às alterações climáticas, resultou num aumento da “produtividade e da eficiência” no seio da academia e que quebra assim com um velho estigma do conservadorismo associado às instituições de ensino superior.

Naquilo que concerne àquilo que considera “realmente estratégico”, o reitor apontou aos avanços feitos na “captação de financiamento competitivo e o respetivo investimento em investigação e desenvolvimento” ao longo dos últimos seis anos.

No entanto, o dirigente mostrou-se crítico do subfinanciamento crónico de que é alvo o ensino superior e, mais concretamente, o setor da investigação. De acordo com o professor catedrático da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (FFUC), é urgente que o governo recentemente eleito encontre “coragem e clarividência” para encontrar soluções duradouras para a estabilização contratual dos investigadores cujo financiamento não seja totalmente suportado pelas instituições de ensino superior.

Também a questão das residências universitárias, sempre muito importante para os estudantes, foi um dos temas abordados pelo reitor. Segundo informa, a Universidade de Coimbra “assinalou interesse na criação de 356 camas e requalificação de mais 131 camas”.

Amílcar Falcão referiu ainda nota que, no âmbito do Programa de Recuperação e Resiliência, a Universidade de Coimbra se candidatou ao “Programa Impulso Jovens STEAM & Programa Impulso Adultos” com um projeto denominado Living the Future Academy – “resultado de um consórcio liderado pela UC, envolvendo a participação de outras quatro instituições de ensino superior co-promotoras e de mais de 100 parceiros do tecido social, empresarial e político, que tem como propósito a preparação de pessoas, organizações e território para uma sociedade 5.0″, contando com um envelope financeiro na ordem dos 5 000 000€.

As obras em curso no Paço das Escolas e no UC Biomed, o início da construção do edifício 2 da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC), a finalização do projeto global do Colégio das Artes e o processo de licenciamento da parte sul do Pólo II foram algumas das últimas notas deixadas pelo reitor.

António Guterres laureado à distância

Conforme já tinha sido divulgada na última semana, o Prémio UC 2022 ficou nas mãos do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres. Ainda no princípio do seu discurso, Amílcar Falcão havia congratulado o premiado e destacado as causas pelas quais o mesmo se bate, fazendo um paralelismo com aquilo que são os valores da Universidade de Coimbra.

Após a apresentação feita por Pedro Costa Gonçalves, professor catedrático da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (FDUC), António Guterres falou à sala (por via remota, lamentando a indisponibilidade para estar presente), destacando o papel da UC na “missão” de educar.

Os graves problemas que o mundo atualmente enfrenta foram também alvo do discurso do antigo primeiro-ministro, que mencionou a “necessidade urgente de reivindicar a cooperação e a governação a nível mundial”.

A totalidade do prémio vencido por António Guterres (25 000€) acabou por ser doado ao Instituto Universitário Justiça e Paz com o consentimento do próprio.

Durante a cerimónia de comemoração do Dia da UC falaram ainda Gabriela Figueiredo Dias, Presidente do Conselho Geral da Universidade de Coimbra (CGUC), António Trindade, coordenador da Comissão de Trabalhadores UC, e Inês Oom de Sousa, presidente da Fundação Santander.

(Fotografia: UC / Paulo Amaral)