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01.02.2022POR André Jerónimo

Rui Antunes: a maioria absoluta “foi um efeito das próprias sondagens”

A relação entre as forças políticas eleitas e a influência das sondagens nos resultados eleitorias estiveram em destaque no comentário à atualidade do presidente da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Coimbra (ESEC-IPC), Rui Antunes.

A distribuição dos votos no distrito de Coimbra determinou a eleição de seis deputados pelo Partido Socialista (PS) e três pelo Partido Social Democrata (PSD). A contagem dos votos da noite eleitoral revelou uma grande vitória do PS nas Eleições Legislativas.

“Estou confiante que os próximos anos vão ser melhores para nós”.

Em direto no programa Observatório, Rui Antunes assumiu mais uma vez o apoio pessoal ao Partido Socialista e revelou ter confiança na governação suportada com maioria absoluta no Parlamento. As contas globais até ao momento dão 117 deputados para o PS, 76 para o PSD, 12 para o Chega, oito (8) para a IL, seis (6) para o PCP, cinco (5) para o Bloco de Esquerda, um (1) para PAN e para o Livre. Faltam distribuir quatro (4) deputados, dois (2) pelo círculo da Europa e dois (2) pelo círculo de fora da Europa. O professor da ESEC acredita ainda que haverá continuidade na procura de linhas de diálogo mas sublinhou a necessidade dos parceiros desse diálogo — preferencialmente à esquerda, admite — reconhecerem a dimensão representativa de cada partido. Rui Antunes afirmou ainda que o Bloco de Esquerda (BE) e Partido Comunista Português (PCP) podem tirar lições dos resultados eleitorais, sugerindo que façam uma reflexão sobre o equilíbrio entre a defesa da ideologia e a obtenção de resultados práticos com pequenos passos.

As maiores perdas podem, precisamente, contar-se do lado da esquerda com PCP e BE a perderem 20 deputados no seu conjunto. Rui Antunes acredita que “os eleitores acabaram por penalizar os partidos porque sacrificaram uma solução de compromisso por uma incerteza muito grande, que podia ter provocado um governo de direita”, e espera que a esquerda não escolha uma via de atuação que promova o confronto e a competição pelo lugar de liderança da oposição.

As sondagens “falharam na questão da maioria absoluta” mas a maioria absoluta do PS “foi um efeito das próprias sondagens”

Sondagens ao longo da última semana de campanha chegaram a apontar para um empate entre PS e PSD mas o resultado deu a maioria absoluta ao Partido Socialista. Rui Antunes mostrou convicção que existiu um “efeito de mobilização do eleitorado tanto no PS como no PSD” e um “efeito no voto útil”. As sondagens e o comportamento dos eleitores são áreas do interesse académico do professor e presidente da ESEC. Rui Antunes esclareceu que as sondagens são um instrumento de análise que tem um lado técnico-científico que obedece a uma metodologia mas, depois de divulgadas, tornam-se um “instrumento de comunicação e de jogo político” com influência na campanha eleitoral.

“Os políticos exploram as sondagens, por vezes deturpando e menosprezando os dados técnicos”.

As pessoas deram credibilidade às sondagens e que, “não podendo esperar milagres” de uma “extrapolação de centenas de milhares de votos em milhões”, na maioria elas acertaram: “disseram sempre claramente que o PS ia ganhar, que o PSD ia ficar em segundo lugar, que o CDS estava à beira de não eleger nada, que o PAN também estava em riscos de não eleger deputados e que havia uma grande indefinição sobre qual seria o terceiro partido”. O comentador sublinhou ainda a importância da credibilidade para as empresas de sondagens. Menorizou a hipótese de haver empresas “vendidas a uma determinada estratégia política” para influenciar intencionalmente a perceção dos eleitores uma vez que isso seria “arriscar muito a credibilidade das empresas”.

PSD cresceu em votos e mesmo assim perdeu deputados. Chega e IL aumentaram substancialmente a representação parlamentar. Rui Antunes referiu-se ao crescimento da direita radical afirmando que não é adepto de fazer uma cerca sanitária ao partido Chega. Os problemas dos eleitores dessas forças tem de ser compreendidos através da auscultação e do diálogo, defendeu, e “as pessoas de esquerda têm obrigação de encontrar boas soluções para os problemas que as pessoas do Chega têm.”

A análise de Rui Antunes à relação entre as forças políticas eleitas e a influência das sondagens pode ser escutada na íntegra no podcast da RUC, disponível no topo da notícia.

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