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André Dias Pereira: “Nos próximos dez anos ser ministro da saúde é um crucifixo”

No espaço de comentário à atualidade, do Observatório, a Rádio Universidade de Coimbra falou com o professor da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (FDUC), André Dias Pereira.

Numa altura em que as Eleições Legislativas de dia 30 de janeiro, estão cada vez mais próximas, e foi encerrada a primeira semana de campanha, André Dias Pereira, comentou essencialmente as mesmas.

“Os Covões têm de ser um grande hospital de atendimento a doentes crónicos”

Questionado sobre o Hospital dos Covões, e sobre uma suposta desvalorização do mesmo, da qual se tem vindo a falar, André Dias Pereira diz que é preciso manter na margem esquerda e nessas mesmas freguesias, serviços de saúde. Reforçou ainda que a “medicina de 2022” passa por intervenções cirúrgicas cada vez mais curtas, e diz ainda que o internamento anteriormente praticado com 8, 9 dias tem de acabar, sendo que não faz sentido e que é uma má prática clínica, visto que cada vez mais estudos demonstram que a probabilidade de infeção hospitalar é grande. Rematou o assunto dizendo, que os Covões tem de ser um hospital de atendimento, e acompanhamento a doentes crónicos como tem sido,e como está a ser estruturado.

“Dois anos de pandemia levaram a que a saúde fosse o grande tema”

Questionado sobre alguns dos temas em destaque nestas Eleições Legislativas, André Dias Pereira afirmou que depois de 2 anos de pandemia, o assunto da saúde, que já era um grande tema devido ao envelhecimento da população portuguesa, tornou-se ainda mais importante e destacado, na medida em que há uma “renovação geracional tremenda em curso”, em que uma “geração gloriosa de médicos” que faziam serviços médicos à periferia, está a ser substituída. O comentador referiu ainda, que ser ministro da saúde nos próximos dez anos será um “crucifixo”, seja ele qual for.

“Acho que o Partido Socialista vai ganhar por pouco”

Sobre a futura configuração da Assembleia da República, André Dias Pereira acha que o Partido Socialista (PS) vai ganhar, porém, com pouca vantagem.

Afirmou ainda que dificilmente o Partido Socialista conseguirá fazer um orçamento com o Livre e o Partido Pessoas-Animais-Natureza( PAN). Na forte possibilidade de ser difícil voltar a negociar com o Bloco de Esquerda (BE) e com Partido Comunista Português (PCP), é provável ter de fazê-lo com o Partido Social Democrata (PSD), perspetivando- se um bloco central.

Neste sentido, o entrevistado desvaloriza a importância da terceira força política, na medida em que esta não deverá ter mais de 6%, fazendo com que daí não resulte uma solução de governo. Disse que para chegarem aos 116 deputados é necessária a existência de negociações leais, produtivas e sérias, que segundo André Dias Pereira, não foi o que aconteceu com as últimas negociações da geringonça. Sobre este aspeto , o comentador referiu que a exigência do aumento do salário mínimo proposta pelo Partido Comunista Português (PCP), era de má-fé e tinha como propósito destruir a geringonça.

Para concluir, o professor da FDUC, defende uma alteração da lei eleitoral, que pode passar por um sistema misto de círculos uninominais, e outro representativo, ou colocar, como teto máximo de representação eleitoral, 20 deputados por cada círculo eleitoral, ou uma clausula barreira de 5%(o que significa que quem tem menos de 5% não entra no parlamento).

O comentário vai estar disponível na íntegra no nosso Spotify, ou através do podcast acima disponibilizado.

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