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João Miranda: “Estudantes de jornalismo reconhecem ter expectativas baixas em relação ao futuro profissional e laboral”

A maioria dos alunos de jornalismo inquiridos em estudo da UC acredita que será difícil encontrar um primeiro emprego na área e que os salários serão baixos e os contratos precários.

A RUC procurou saber mais sobre o assunto com o professor do curso de jornalismo da Faculade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC), João Miranda, um dos coautores do trabalho.

João Miranda e Carlos Camponez, investigadores do Centro de Estudos Interdisciplinares (CEIS20) da Universidade de Coimbra são os responsáveis pela análise dos dados. O inquérito foi realizado a 1.091 estudantes que frequentaram 38 cursos de licenciatura ou mestrado em jornalismo e comunicação social no ano letivo 2020/2021, em Portugal. Foram inquiridos alunos, quer do setor público, quer do privado.

Apesar das “motivações fortes para entrada no curso, são baixas as expectativas” de poder exercer jornalismo

O investigador começou por assinalar o “paradoxo”, demonstrado pelos resultados, entre “uma tendência”, que lhe pareceu “mais significativa”, do que são “motivações fortes para entrada no curso” e a perspetiva de “poder exercer atividade profissional no jornalismo”.

Os estudantes reconhecem ter “expetativas baixas” em relação ao futuro “profissional e laboral, assinalou. “Obter um salário condizente com o tipo de tarefas que vão ser desempenhadas, a facilidade de encontrar um primeiro emprego na área ou ter um contrato estável”, são dificuldades apontadas pelos alunos de jornalismo.

Dados do inquérito, revelam, no entanto, que apenas 2,9 por cento dos alunos consideram abandonar o curso para seguir outra área de formação. Na perspetiva de João Miranda a mudança de área de estudo ou o abandono do Ensino Superior para pessoas que “se empenharam” em entrar num dado curso, pode “gerar alguma preocupação” e condicionar a tomada de uma destas decisões.

O inquérito dirigido a estudantes dos três anos de licenciatura e do primeiro ano do mestrado vai ainda ser sujeito a “novas linhas de estudo”. De acordo com o professor da FLUC,  a investigação vai tentar perceber como as “diferentes motivações, atitudes e perspetivas sobre o jornalismo e condição laboral” se enquadram no ano de curso que os estudantes frequentam.

“Pouco mais de 17 por cento referem ter já participado ou participar em meios de comunicação social de âmbito  universitário ou académico, como é o caso da RUC”

Em relação à prática jornalística que os alunos têm durante o período de estudo,  João Miranda acrescentou que, “pouco menos de 10 por cento mencionam colaborar ou já ter colaborado com meios de comunicação social”. Uma margem muito pequena” de inquiridos referem “ser já jornalistas”, esclareceu.

Outra das curiosidades reveladas pelo estudo tem a ver com o consumo de notícias e a forma como os inquiridos contactam com a atualidade noticiosa. Os alunos consideram “ser fundamental acompanhar a atualidade noticiosa” mas acompanham com frequência as notícias, através dos recursos ‘online’ dos meios de comunicação social.

Em simultâneo, há consumo de notícias em “novos canais de comunicação como o Instagram, o Youtube ou o Facebook “, revelou o convidado. Em destaque o “papel que o Instagram assume” no contacto com as notícias, por parte dos estudantes.

Os resultados globais do inquérito estão publicados em livro, disponível ‘online’, no sítio da internet da SOPCOM a Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação.

A conversa com João Miranda pode ser escutada na íntegra no link acima ou no Spotify da RUC.

 

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