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Carlos Fiolhais: “É preciso que os empresários confiem mais nos jovens”

O progresso tecnológico, o ensino da ciência na Universidade, o investimento na ciência, a precariedade existente na comunidade científica e as críticas feitas à gestão da pandemia por parte do Governo  foram os principais assuntos abordados em mais um Observatório.

O comentário do Observatório de sexta-feira dia 2 julho ficou a cargo de Carlos Fiolhais, docente do Departamento de Física da Universidade de Coimbra/FCTUC e diretor do Rómulo – Centro Ciência Viva da Universidade de Coimbra,

“Tenho acompanhado um desenvolvimento muito grande da ciência nos últimos tempos”

Em entrevista à RUC, Carlos Fiolhais afirma que desde a década de 80 e da revolução tecnológica, Portugal “deu um grande salto”. A partir do ano de 1975 houve uma mudança muito grande em Portugal ao nível das novas tecnologias que também veio desenvolver bastante a ciência.

Com o acesso neste momento que a maioria das pessoas tem a dispositivos tecnológicos, Carlos Fiolhais acredita que  “o mundo de hoje é uma aldeia em que estamos todos interligados” . O investigador realça ainda a importância que a ciência tem nas novas tecnologias afirmando que “hoje a tecnologia assenta toda na ciência”.  Acrescenta que “o mundo mudou graças a este progresso tecnológico que tem como base a ciência”.

“Sabemos que a ciência é a base da riqueza, só podemos viver melhor num país que dá mais atenção à ciência”

Relativamente aos fundos que são  dados para a investigação na comunidade cientifico o professor afirma que “apesar de se ter feito um extraordinário progresso “estamos a investir muito menos que a média europeia”.

Carlos Fiolhais realça a importância de existirem   em Portugal  doutorandos e pós-doutorandos com bastantes qualificações mas afirma que, no nosso país  “ainda não conseguimos dar emprego estável a pessoas tão altamente qualificadas”.

“A nossa maior riqueza em Portugal são os cérebros”

O docente defende que é essencial um investimento na ciência que pague a criação cientifica, é preciso “dar oportunidades aos mais jovens”. Carlos Fiolhais sublinha a ideia de que é preciso” que a universidade se renove geracionalmente”.  “É preciso que os mestres vejam os seus discípulos triunfar”, referindo-se aos professores e alunos da universidade.

Relativamente à precariedade que se faz sentir na comunidade de investigadores científicos em Portugal, o investigador afirma que “o emprego científico nas universidades não consegue fazer a absorção das pessoas que têm formação ao mais alto nível”. O professor apela ainda a que se dê maior valor aos “cérebros” pois eles é que formam a riqueza dos países.

“É necessário que se crie um Conselho Científico com os melhores especialistas”

O Professor critica as escolhas do governo nos diversos especialistas que têm participado nas reuniões do Infarmed desde o início da pandemia, segundo Carlos Fiolhais  “o governo escolhe uma ou outra pessoa”, afirma ainda que  o governo “aproveita o que quer e deixa o resto”.  Relativamente à situação de Portugal desde o início da Pandemia, o docente afirma que  desde o inicio do semestre o país foi o que esteve numa situação mais grave  a nível europeu e que atualmente,  “estamos outra vez numa situação dos piores da União europeia”. Para o especialista é necessário que se crie ” uma instituição com uma ligação mais forte entre a ciência e as decisões politicas”.

Carlos Fiolhais conclui ainda dizendo que é necessário “afinar os mecanismos do aconselhamento científico” e, para isso, segundo o investigador é essencial que “todos os órgãos do governo tenham aconselhamento científico” dos melhores especialistas

Para ouvir a o comentário na íntegra basta aceder acima ao serviço de podcasts RUC ou à plataforma Spotify.

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