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09.06.2021POR Isabel Simões

“Arte e Pensamento: Modos de Transformar” assinalaram em Coimbra centenário do PCP

“O que deve ser um professor como agente transformador?” questionou José Gabriel, um dos oradores. “Ser professor é acreditar na possibilidade de educar todos os alunos sem exceção”, acrescentou.

A segunda sessão, organizada pelo Sector Intelectual da Organização Regional de Coimbra do PCP teve como convidados José Gabriel, professor de filosofia aposentado, Rui Mota, editor das Edições Avante! e Manuel Loff, historiador e professor na Universidade do Porto. A Casa da Escrita acolheu a conferência, ontem, dia 8 de junho.

“O que deve ser um professor como agente transformador?” questionou José Gabriel a dado momento. “Só há ensino se os destinatários aprenderem”, disse o conferencista. “Ser professor é acreditar na possibilidade de educar todos os alunos sem exceção”, acrescentou.

Do tempo como professor no ativo enfatizou o papel de agente cultural da profissão pois é muitas vezes “na Escola que o aluno leu o primeiro livro, ou foi levado a ver o primeiro filme ou peça de teatro ou visitou o primeiro museu”. Os professores têm de defender a cultura junto das novas gerações, sublinhou.

O conferencista terminou com propostas para responder à pergunta inicial. “Ser professor é um exercício de intervenção cívica” e por isso cabe-lhe “questionar a escola, os caminhos do ensino e os percursos pedagógicos”, esclareceu. Para José Gabriel ser professor também passa pela promoção da igualdade de oportunidades e pela compreensão da exclusão e da descriminação. Mas vai mais além.

Ainda como estudante de Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, José Gabriel participou na reestruturação do programa do curso e também no “intenso” movimento pedagógico, social e científico que se verificou ao tempo nas faculdades. Na altura começava a massificação do ensino, sobretudo a nível do secundário, o que levou a “uma urgente procura de milhares de professores”, lembrou ontem, na Casa da Escrita, o então estudante-trabalhador.

José Gabriel foi presidente da Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra de 1978 a 1979. Foi professor de Filosofia em várias escolas de diferentes geografias sociais e humanas, três delas em Coimbra. Para a RUC salientou a necessidade de os programas revisitarem a disciplina por a mesma ter um papel integrador.

A obsessão pela preparação para os exames pode condicionar as aprendizagens e impedir o professor de respeitar a diferença e até “gerir os ritmos entre os alunos e eventualmente aligeirar algumas unidades de modo a valorizar aquilo que importa”, afirmou José Gabriel. Está no entanto confiante com o “caminho a fazer”.

A primeira sessão, organizada pelo Sector Intelectual da Organização Regional de Coimbra do PCP realizou-se a 13 de maio na Tabacaria da Oficina Municipal do Teatro e teve como convidados o cenógrafo, José Carlos Faria, o músico João Fong e a realizadora Marta Mateus.

Os destaques das intervenções de Rui Mota e Manuel Loff podem ser ouvidos em breve num programa “Há Vida(s) Nesta Cidade!”

 

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