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José Rebola: “Tem de haver mais amor entre os artistas, os promotores e o público”

O regresso da cultura presencial e a crise do setor foram alvo de análise no programa desta sexta-feira.

O comentário do Observatório desta sexta-feira, dia 7 de maio, contou com a presença de José Rebola, o vocalista do grupo musical Anaquim.

O músico e professor é um dos artistas convidados a atuar no concerto-teste realizado na Praça da Canção. Este espetáculo vai ser o terceiro concerto-teste realizado em Portugal. O evento insere-se no âmbito da candidatura da cidade a capital europeia da cultura 2027 e conta com a presença de Anaquim, the Twist Connection, Birds are Indie e Portuguese Pedro. Questionado em relação à vontade de regressar aos palcos, José Rebola confessa uma certa expetativa. Acredita que o evento está a ser preparado com a devida precaução e que tudo correrá sem problemas. Com algum humor, José Rebola deixou mesmo uma garantia:  “é mais provável que alguém falhe um acorde do que alguém apanhe COVID-19 no concerto”.

Concerto-teste só com bandas de Coimbra

Em relação às declarações feitas pela vereadora da cultura da CMC, Carina Gomes,  no sentido apenas terem sido convidados para o concerto grupos musicais da cidade de Coimbra, o artista encarou essa decisão com naturalidade. José Rebola considera que a Câmara Municipal não tem falhado no apoio às bandas de Coimbra, sobretudo em tempos de pandemia. Naturalmente, o concerto deste sábado representa uma oportunidade de regressar aos palcos.

“Acho, para ser muito honesto, que não se pode esperar que as coisas sejam como de antes.”

O artista acredita que as pessoas terão uma presença mais recatada, contudo necessária num primeiro passo numa caminhada que se apresenta como preponderante num contexto pandémico como o que vivemos. Sublinhou, ainda, que considera este concerto mais simbólico do que propriamente festivo. No que concerne a eventos próximos do seu grupo musical, Anaquim, o artista refere que ainda não existem datas firmadas. Porém, José Rebola olha para o futuro com algum otimismo depois de tantos meses com a cultura “fechada”.

É preciso relançar a cultura

Portugal enfrentou dois longos confinamentos que paralisaram as estruturas culturais.  Depois de um ano com muitas paragens e pouco trabalho, José Rebola admite que muitos colegas passaram (e passam) por dificuldades: “muitos ficaram sem chão com a pandemia”, refere o artista e professor de música. Nesse sentido, é preciso relançar o setor cultural. Para tal, não bastam concertos e iniciativas pontuais. Na opinião de José Rebola é preciso mais, é necessário reforçar as relações entre o “triângulo” promotores, artistas e público. O artista não tem dúvidas: “as pessoas podem retirar muito mais da cultura”, para tal é preciso despender “algum dinheiro e atenção”, refere José Rebola. Como resolver este problema? José Rebola responde: “Através de educação”. Nesse sentido, para o vocalista dos Anaquim é preciso fomentar o gosto pela cultura para que o público possa perceber os incentivos e vantagens do consumo de espetáculos culturais.

Candidatura de Coimbra  a Capital Europeia da Cultura “não pode ser uma ilha num mar tormentoso”

O evento deste sábado é organizado no âmbito da candidatura de Coimbra a Capital Europeia da Cultura. Questionado sobre a importância deste projeto, José Rebola considera que a candidatura de Coimbra representa desde logo um estímulo para o consumo de cultura. No entanto, José Rebola deixa um aviso: “Esta candidatura não pode ser uma ilha isolada num mar tormentoso.”  Nesse sentido, para José Rebola a mudança da estrutura cultural na cidade terá de ser feita por via de mudanças de base e não com eventos episódicos. Relativamente às prioridades desta candidatura José Rebola considera que o grupo de trabalho deve procurar promover uma série de espetáculos versáteis e que possam agradar a todos os tipos de público.

Para ouvir esta entrevista na sua globalidade, pode consultar o podcast acima partilhado ou então no Spotify.

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