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31.03.2021POR Tomás Cunha

Conversas RUC 35: “A palavra rádio é forte demais para desaparecer”

A RUC continua a celebrar os seus 35 anos sem restrições! Como fazer e gerir rádio em tempos de pandemia foi o tema da segunda conversa.

Como fazer e gerir rádio em tempos de pandemia foi tema da segunda conversa do aniversário da RUC. A conversa foi para o ar no dia 27 de março, às 18:00. Sobre esses desafios juntámos à mesma mesa Elsa Moura da Rádio Universitária do Minho, Luís Oliveira da Antena 3 e Pedro Pinheiro da TSF.

O pontapé de saída da conversa foi dado por Pedro Pinheiro. O atual diretor Executivo da TSF e jornalista há 30 anos começou por explicar aquilo que mudou desde 1991, ano em que iniciou a carreira. O jornalista da TSF explicou que actualmente há menos rádios e menos perspectivas de carreira para quem trabalha no sector. Para Pedro Pinheiro há mudanças, igualmente, do ponto de vista monetário: menos dinheiro e menos ouvintes.

Elsa Moura começou por salientar o fator financeiro. A jornalista da RUM recorda que nas rádios “não abunda o dinheiro” e que só a paixão pela profissão explica o facto de as rádios e os seus radialistas continuarem no meio.

No entanto, Pedro Pinheiro admite que nem tudo é mau e que há pontos positivos a referir. Desde logo, o jornalista da TSF classifica a democratização do áudio provocada pelo aparecimento do podcast como uma grandes novidades nos últimos 30 anos no sector radiofónico.

A importância do podcast foi mesmo um dos temas da conversa. Para Luís Oliveira, a palavra rádio é “forte demais para desaparecer”, mas admite que o podcast veio trazer coisas novas à indústria. A falta de controlo nos conteúdos ouvidos na rádio contrasta com a situação verificada nos serviços de podcast onde “qualquer miúdo” pode fazer uma lista personalizada para quando vai correr ou andar a pé, algo que não é possível quando se ouve rádio, remata Luís Oliveira.

Outro dos pontos discutidos na conversa foi a utilização do vídeo como forma de divulgação dos programas das diferentes rádios. Pedro Pinheiro considera que a tendência de transmitir programas de rádio em formato vídeo é uma tendência para ficar. A explicação é simples: é difícil sobreviver no negócio da rádio.

Pedro Pinheiro recordou que fazer informação é caro e deu vários exemplos de como o formato vídeo é cada vez mais pedido por parte dos parceiros da TSF. “O patrocinador diz, sim, estou interessado em patrocinar o vosso programa, mas quero uma versão vídeo para partilhar nas páginas (de redes sociais) ”. O vídeo já não é uma tendência na opinião Pedro Pinheiro, é mesmo uma necessidade para as rádios.

Na perspectiva de Luís Oliveira a utilização do vídeo como forma de divulgação dos conteúdos produzidos faz com que a magia da rádio se perca, levando inclusive ao empobrecimento da rádio.

Sobre os tempos de Pandemia, o painel falou das cicatrizes de guerra provocadas pelo confinamento. As rádios tiveram-se de adaptar e Luís Oliveira admite que só com muita criatividade conseguiu fazer os seus programas. Shazam, tabaco e muita paciência foram a dose necessária para fazer os programas desde casa.

A última conversa realiza-se no dia 31 de março (quarta-feira), às 21h00, e encerra o mês de celebrações do 35º aniversário da RUC. Desta vez debateremos os desafios atuais do Jornalismo e contaremos com a participação de Gustavo Sampaio do Polígrafo, Carlos Camponez da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e Leonor Ferreira do Sindicato dos Jornalistas.  As conversas podem ser ouvidas na nossa emissão, nos 107.9fm, e em ruc.pt para a emissão online.

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