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30.01.2022POR Catarina Silva

Abstenção: o grande desafio da democracia portuguesa

Estima-se que a abstenção se situe entre os 49 e os 54% este ano, não se afastando muito do que aconteceu nas legislativas de 2019.
Fica o desafio para os próximos anos da jovem democracia representativa portuguesa.

A abstenção pode ser considerada um sintoma das falhas das democracias representativas, que pode ser agravado pelo contexto pandémico. Nas primeiras eleições livres em Portugal, após o fim da ditadura, a taxa de abstenção foi de 8,5%, número que tem vindo a aumentar a cada ato eleitoral.

Foi em 2009 que a abstenção ultrapassou os 40%. Já nas últimas legislativas, em 2019, registou-se uma taxa de 51,4%, novo recorde em Portugal.

Neste sentido, ao longo do dia de hoje, os líderes das diferentes forças partidárias fizeram o habitual apelo ao voto, para garantir ao seu eleitorado que votar é seguro.
Contra as expectativas de que a abstenção volte a aumentar este ano, mais de 45% dos eleitores inscritos nas eleições legislativas tinham votado até às 16 horas, segundo dados divulgados pelo Ministério da Administração Interna. Esta percentagem é superior à das últimas legislativas, quando a afluência média às urnas, à mesma hora, se estimava em 38,59% dos eleitores.
Apesar dos sinais que pareciam indicar uma maior participação, os números podem dever-se ao elevado número de pessoas que praticou o voto antecipado, cerca de 300 mil eleitores; e também ao facto dos cidadãos e cidadãs com covid-19 terem-se dirigido às mesas às 18 horas.

Os jovens são os que menos têm exercido o direito de voto, o que parece demonstrar uma maior descrença desta camada da população pelo sistema partidário. A RUC esteve à conversa com um jovem eleitor, que afirma que o facto de não ir votar é uma escolha consciente.

Além disso, o estudante salienta a insatisfação com o processo político e a distância que existe entre a Assembleia da República e os cidadãos e cidadãs.

O eleitor acaba por referir que seria importante aproximar a política das pessoas, de forma a fortalecer a democracia.

As causas da abstenção são várias. Além da pandemia e da desconfiança no sistema partidário, importa também notar que Portugal é um país de emigração, sendo o voto no estrangeiro irrisório.

No final de contas, estima-se que a abstenção se situe entre os 49 e os 54% este ano, não se afastando muito do que aconteceu nas legislativas de 2019.

Mais uma vez, este ano, a abstenção é a grande vencedora da noite. Fica o desafio para os próximos anos da jovem democracia representativa portuguesa.

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